Descrição de chapéu violência

Alunos da Unesp denunciam professor por assédio moral durante as aulas

Estudantes relatam misoginia e racismo de docente do campus de Marília (SP); universidade diz que caso é investigado

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São Paulo

A Unesp (Universidade Estadual Paulista) investiga uma denúncia, apresentada pelo Comitê Acadêmico de Relações Internacionais Sérgio Vieira de Melo do campus de Marília (SP), sobre um professor do curso de Relações Internacionais que estaria assediando moralmente os alunos durante as aulas.

No documento encaminhado à Ouvidoria da Unesp, o comitê reúne 44 denúncias de diferentes alunos que descrevem o comportamento inadequado do professor Rafael Salatini, com falas que já teriam causado danos emocionais e acadêmicos aos universitários.

Alunos denunciaram professor com cartazes que foram espalhados pela universidade
Cartazes contra professor foram espalhados pelo campus da Unesp em Marília (SP) - Leitor

A Folha tenta contato com o professor Rafael Salatini desde segunda (20), por mensagens e email, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Entre as denúncias estão frases de cunho misógino, sexual e racista proferidas pelo professor. Um aluno relata que, em certa ocasião, o docente teria perguntado para alunas se elas sairiam com ele "em uma situação hipotética"; em outra, o professor teria falado sobre corpos de mulheres.

Em outro depoimento, uma aluna afirma que, durante uma aula, o professor desenhou uma vagina na lousa e afirmou que mostraria para a sala como "dar prazer a uma mulher". De acordo com o relato, a aula tratava do estado da arte nas relações internacionais e não havia contexto para mencionar o órgão genital.

Perguntas como "quanto o senhor cobraria para me dar a bunda?" e frases sobre como mulheres não mantêm a higiene íntima são citadas por diferentes alunos nas denúncias.

Há também relatos de que o professor teria apontado para um aluno negro e perguntado para a sala se o estudante tinha "cara de quem toma banho". Também teria chamado uma aluna transexual pelo pronome masculino —de acordo com os relatos, a estudante se apresenta como mulher e o docente nunca havia a tratado como homem.

Imagem de cartaz escrito 'mulher só é boa mesmo na rua, em casa você percebe o quão porca ela é'
Entre as declarações misóginas do professor da Unesp estão frases como 'mulher só é boa mesmo na rua, em casa você percebe o quão porca ela é' - Leitor

A Unesp afirma, em nota, que situações dessa natureza podem demandar afastamento preventivo, mas que o caso ainda é investigado e o professor segue trabalhando. "É necessário o cumprimento de um rito processual que está em andamento, após o recebimento formal das denúncias."

A universidade diz ainda que "a referida denúncia foi formalmente recebida e, em conformidade com os procedimentos institucionais administrativos previstos em situações dessa natureza, foi encaminhada, preliminarmente, para análise técnica da assessoria jurídica da Unesp, com vista à orientação acerca dos procedimentos subsequentes a serem adotados".

A Unesp afirma também que todas as denúncias de assédio que chegaram ao conhecimento da atual gestão foram devidamente apuradas e que, quando comprovada a materialidade, "os acusados foram punidos, como recentemente ocorreu". A universidade diz também que, além da punição, foi disponibilizado um serviço institucional de acolhimento a vítimas de violência e assédio, bem como atendimento psicológico."

"A Unesp possui forte política educativa institucional de enfrentamento às situações de assédio, violência e desrespeito aos direitos humanos", conclui.

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