Pós serve como pontapé inicial para alterar o rumo da carreira

JÚLIA ZAREMBA
DE SÃO PAULO

A pós-graduação é uma boa opção para quem quer mudar de área ou carreira sem ter que fazer uma segunda faculdade, desde que o novo trabalho não exija diploma ou registro específico.

Migrar para a área de gestão é um movimento comum durante a trajetória profissional, observa James Wright, diretor da FIA (Fundação Instituto de Administração), o que leva à busca por especializações lato sensu.

Quem quiser ser médico, advogado ou engenheiro, por outro lado, não escapará do retorno à vida de calouro.

Crédito: Keiny Andrade/Folhapress Tamagotchi
A publicitária e consultora de carreiras Martha Magalhães, 55

A convivência com colegas de classe mais experientes, a menor duração do curso (a carga mínima exigida pelo Ministério da Educação é de 360 horas de aula para lato sensu) e o enfoque na área de conhecimento desejada estão entre as vantagens da pós em comparação com a graduação, segundo especialistas.

Mudar de carreira quando já se está inserido no mercado de trabalho não é um fenômeno novo no Brasil.

Paulo Lemos, diretor da FGV Management, departamento que cuida dos cursos de pós-graduação da escola, diz que o fato de os jovens terem de escolher muito cedo qual caminho seguir e a pouca variedade de disciplinas oferecidas em cursos de graduação explicam a "crise de identidade" no futuro.

Para Tania Casado, que atua como especialista em carreiras na USP, mais do que algo corriqueiro, a mudança de rumo na vida profissional é uma tendência. "Hoje, tudo é mais flexível", diz. "É natural que as pessoas desempenhem novas funções, conheçam novas coisas e mudem de área", afirma.

Após 30 anos no mercado financeiro, a administradora Valquíria Ferreira, 56, decidiu fazer especialização em aconselhamento de carreiras na FIA para mudar de profissão, em 2015. "Estava desmotivada no emprego, sentia que não podia contribuir muito mais. Havia chegado o momento da ruptura", diz.

Saiu do banco em que trabalhava um ano depois de começar o curso. Preferiu fazer a transição aos poucos, com planejamento. Hoje, trabalha no Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP e faz outros trabalhos de aconselhamento profissional.

"A pós abriu meus horizontes e me ajudou a decidir qual direção tomar", diz. "Agora, tenho liberdade na profissão para criar meus horários e metas e uma rotina mais saudável do que antes."

Um dos maiores desafios para quem decide mudar de área, especialmente profissionais há muito tempo no mercado, é saber lidar com a volta à estaca zero, observa Casado. "Nem sempre a pessoa será contratada em uma posição igual à anterior", diz.

A publicitária e consultora de carreiras Martha Magalhães, 55, migrou para a área de recursos humanos em 2008 após 20 anos trabalhando com marketing. De diretora de banco, virou consultora sênior em uma empresa de gestão de pessoas. "É preciso ser humilde para conhecer o mundo em que está entrando e saber ouvir." Na transição, fez duas pós ligadas a gestão de pessoas e carreiras. Para ela, que há três meses criou a própria consultoria, os cursos foram "essenciais para o sucesso da virada".

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