Descrição de chapéu educação

'Sem universidade forte o país não tem futuro', diz reitor da Unicamp

Dirigentes de 26 países discutem os rumos da educação superior na Espanha

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp - Gabriel Cabral/Folhapress
Paulo Saldaña
Salamanca

Enquanto especialistas tentam provocar as candidaturas ao colocar o tema da educação como prioridade em seus planos de governo e campanhas eleitorais, o reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Marcelo Knobel, teme que, com o atual cenário político, as eleições possam ter um efeito inverso. 

A polarização política poderia, segundo ele, reforçar ideias que enfraquecem a universidade e a pesquisa. “Precisamos de mais investimento em ciência, tecnologia, permanência estudantil. Mas temos o risco de termos uma discussão eleitoral muito rasa”, diz ele. “Sem universidade pública forte o país não tem futuro.” 

Knobel é um dos mais de cem reitores de instituições brasileiras que respondem por uma espécie de carta com sete princípios da Educação Superior no Brasil, lançada nesta segunda-feira (21), em Salamanca, na Espanha. A iniciativa foi realizada durante o IV Encontro de Reitores Universia, promovido pelo banco Santander.

Reitores de 26 países discutem futuro do ensino superior em Salamanca, na Espanha
Reitores de 26 países discutem futuro do ensino superior em Salamanca, na Espanha - Paulo Saldaña/Folhapress

Os reitores fazem parte de uma rede facilitada pela Universia. A ideia é que o documento sirva de norteador para os debates dentro das universidades, mas também ganhe espaço no debate público. Os 7 princípios são excelência acadêmica, professores e metodologia, responsabilidade social, políticas integradas (de cooperação entre instituições), financiamento (que envolve governança e também financiamento estudantil), redução da evasão e promoção da inclusão e emprego, empreendedorismo e inovação.

Knobel ressalta o impacto que o financiamento à pesquisa tem sofrido na esteira dos cortes no orçamento público. “Não tem outra saída: o estado tem que por dinheiro. Se não o país não vai pra frente”, diz. “Em todo lugar do mundo é assim, A pesquisa é financiada sobretudo com dinheiro público”.

Reitor da USP (Universidade de São Paulo), Vahan Agopyan diz que é importante que as universidades se comprometam com uma agenda consensual, mas é crucial que ela também seja apresentada para a sociedade. “Temos que conscientizar a população. As pessoas precisam entender que a educação consegue resolver os outros problemas”, diz.

Para o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, o estabelecimento desses princípios, no âmbito do encontro de reitores, é um passo mais concreto de preocupação com a realidade do país, que vai além dos relacionamentos entre os dirigentes. “[A iniciativa] é uma tentativa, pelos reitores, de também falar com a sociedade”, diz. “Isso é super válido em um ano eleitoral, pelo menos é uma plataforma de diálogo com mais de cem reitores.”

Rial disse que a sociedade ainda precisa conhecer as agendas dos candidatos e preferiu não comentar sobre as preferências do mercado a determinados candidatos. O Encontro de Reitores realizado na Universidade de Salamanca começou nesta segunda e vai até terça-feira (22). Estão presentes 600 dirigentes de instituições de nível superior de 26 países. O Brasil tem a maior delegação, com 115 reitores. O tema é universidade, sociedade e futuro.

O repórter viajou a convite do Santander

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