Descrição de chapéu Enem

Coach ajuda jovens a traçar meta para Enem, mas rejeita posição de 'babá'

Profissional auxilia alunos a manterem rotina organizada durante preparação

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São Paulo

A mineira Júlia Drumond, 20, se impôs uma rotina espartana por um sonho: ser médica. Abdicou de baladas, encontros com amigos e viagens para ser aprovada no curso mais concorrido da UFMG (Federal de Minas Gerais). Mas não conseguiu.

Bater na trave, diz ela, gerou ansiedade, pânico e um sentimento de derrota, que também afetou toda a família. “Foi a maior decepção da minha vida. Olhei para trás e vi três anos de dedicação e esforço jogados no lixo.”

Júlia tinha contra si um diagnóstico de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), que a impedia de prestar atenção em disciplinas que exigem muita leitura e interpretação de conceitos, como português, história e geografia.

A mãe dela, a engenheira civil Cacilda Drumond, 47, afirma que sofria muito ao ver as dificuldades da menina. “Ela se dedicava, mas se perdia com o excesso de informação que tinha de dar conta. Eu só tinha uma certeza: minha filha precisava de um respaldo psicológico”, conta.

A ajuda veio de um coach. Na tradução do inglês, a função significa treinador, uma espécie de técnico esportivo. Mas, no mundo corporativo, ela ganhou outro uso: profissional que ajuda a traçar estratégias na carreira.

O coach Lucas Schust, 29, foi o profissional que lidou com o caso de Júlia, quando a estudante precisou encarar um ano de cursinho em 2016.

Também aluno de medicina na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Schust se especializou na mentoria a pessoas com dificuldades em passar nos vestibulares mais concorridos da área, além do Sisu (sistema que seleciona vagas nas instituições públicas do país com a nota do Enem).

“São estudantes pressionados em casa, ansiosos, que não conseguem manter uma rotina organizada de estudos ao longo do ano nem lidar com a frustração de um resultado ruim em simulados”, diz Schust.

Júlia estava nesse perfil. O primeiro passo, segundo o coach, foi medir o grau de comprometimento da estudante com o desafio de passar no vestibular. Depois disso, foi elaborado um plano de estudo com metas específicas.

A estudante teve acesso a uma plataforma que ensina noções de planejamento e como acelerar a aprendizagem. Ela também fazia encontros online com Lucas para sanar dificuldades pontuais ao longo de sua preparação.

“O desafio imposto com metas ao longo da semana foi um dos pontos mais importantes do programa, porque eu estava perdida”, afirma Júlia.

Toda a família Drumond contribuiu para os estudos. “Costumo dizer que eu, meu marido e nosso filho caçula fizemos juntos o vestibular da Júlia. Deixamos de viajar para apoiá-la”, diz Cacilda.

A mentoria custou R$ 3.000 e rendeu a aprovação da estudante em medicina na UFCE (Universidade Federal do Ceará). No entanto, Júlia optou pela UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte), onde estuda há dois anos com apoio do Fies (programa de financiamento estudantil).

Segundo Alessandro Marques, coach especializado em vestibular e concursos públicos, a mentoria só funciona com estudantes comprometidos. “Não sou babá. Não é função do coach ligar para saber se o estudante está resolvendo exercícios. Ser responsável é o primeiro passo do processo”, afirma.


O QUE FAZER AGORA

Emoções em dia
Procure estar de bem com todas as pessoas próximas, principalmente os pais

Movimente-se sempre
Atividade física ajuda a reduzir a ansiedade e recarrega as baterias

Haja resistência
Verifique sua saúde física e faça exames de rotina (anemia, principalmente). E, se estiver muito cansado, simplesmente durma

Seja estratégico
Na reta final, treine quanto tempo você leva para resolver uma questão do Enem. Gestão do tempo é muito importante e pode ser decisiva para a sua aprovação

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