Um corredor formado por pessoas que vieram ajudar os candidatos na primeira etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste domingo (3) não foi suficiente para que Karine da Souza Veiga, 22, conseguisse chegar a tempo para fazer a prova. A jovem, que está grávida de sete meses, precisou ser amparada, pois passou mal, segundo ela, devido ao calor e a quantidade de pessoas ao redor.
Veiga acordou por volta das 11h20, mora próximo ao terminal Cachoeirinha (zona norte) e foi ao local de prova de ônibus. Ela conta que percebeu que estava atrasada quando desceu do ônibus e um homem, com uma camiseta do site Quero Bolsa, pegou sua bolsa e sua mão para ajudá-la a correr.
Auxiliar de estoque no shopping Itaquera, na zona leste da capital paulista, Veiga já havia ingressado no ensino superior. Ela cursou um ano de psicologia no campus da Uninove, na Barra Funda, mas precisou trancar o curso após ficar desempregada. Agora, ela faria a prova para tentar um desconto que a ajudasse a voltar aos estudos.
"Não adianta ficar nervosa né? Não sei nem quem me puxou, acho que foi quem estava tocando pagode, estava uma muvuca", diz, mas com a ressalva de que no próximo ano tentará de novo.
Quem ajudou a candidata a deixar a aglomeração foi Carlos Bazuca, músico e vocalista do "Pagode da Ofensa", que apesar do nome, vem à Uninove Barra Funda há quatro anos não para ofender, mas para tocar para os candidatos como forma de ajudá-los a relaxar.
"Nós começamos porque vimos que tinha gente que vinha com cadeira de praia e cerveja ver gente que chega atrasado. Como esse cara aqui [aponta para um jovem, em cadeira de praia com uma cerveja na mão]. Viemos ajudar animar os candidatos", diz Carlos Bazuca.
Gustavo Souza Guilhen, 21, é o jovem para quem Bazuca apontou. Ele diz que está no 3º ano de Engenharia Civil e que costuma fazer o Enem todos os anos por hobby, mas que já foi um dos que se atrasou.
"Pensei, o que eu vou fazer no domingo? Acho que vou ver os atrasados do Enem! Ficar até umas 14h", disse.
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