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Desconto em escola de elite leva pais a pressionarem outros colégios por redução

Com uma das mensalidades mais altas de SP, Saint Paul's reduziu valor em 30%

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São Paulo

A decisão da Saint Paul’s, escola de elite de São Paulo, de reduzir em 30% o valor das mensalidades dos alunos durante o período de interrupção das aulas presenciais, aumentou a pressão dos pais para que outros colégios também concedam descontos.

Mesmo com as atividades escolares mantidas a distância, as famílias têm pedido a redução dos valores alegando que os colégios tiveram economia nas despesas, como água e luz. Os diretores, no entanto, afirmam que esses gastos são pequenos dentro do custo das mensalidades, já que quase 70% vem dos salários de professores e funcionários.

Com mensalidades que vão de R$ 6.700 a R$ 8.500, a Saint Paul’s não informou como foi feito o cálculo para o desconto; disse apenas que, “por conta dos desafios financeiros causados pela pandemia a muitas famílias, irá cobrar apenas 70% da mensalidade”. A redução irá valer nos meses em que as atividades operarem com plataformas de ensino online.

Mãe ajuda filhas trigêmeas a estudarem em casa durante suspensão das aulas em razão da pandemia de coronavírus
Mãe ajuda filhas trigêmeas a estudarem em casa durante suspensão das aulas em razão da pandemia de coronavírus - Vamberto Maia Filho/Arquivo pessoal

Arthur Fonseca, diretor da Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares), explicou que a planilha de custos de colégios como o Saint Paul’s, que atende filhos de grandes empresários e políticos e só oferece aulas em período integral, é diferente da dos demais, o que pode dar margem para a redução.

“Escolas desse perfil têm um grande investimento em segurança privada, custo com a alimentação dos alunos que passam o dia inteiro na unidade. São despesas que foram cortadas ou reduzidas com a interrupção das aulas”, disse. Outras colégios de perfil semelhante, como Avenues, Concept e Saint Francis, também avaliam descontos para o período.

Segundo Fonseca, a maioria das escolas que atendem famílias de classe média alta, como as que são representadas pela entidade (Bandeirantes, Santa Cruz, Móbile), tiveram aumento de custos no período porque tiveram de fazer investimentos às pressas para manter as atividades a distância.

Elas, no entanto, ainda estudam formas de conceder desconto às famílias. Algumas deixaram de cobrar os valores adicionais do período integral e atividades extracurriculares. É o caso do colégio Rio Branco, em Higienópolis, que deu um desconto de 15% nas mensalidades de tempo integral do último mês.

O Móbile, em Moema, também deixou de cobrar as atividades do contraturno. A mesma opção foi adotada pelo colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, que interrompeu a cobrança do período integral e de outros 20 cursos optativos oferecidos.

A escola Dante Alighieri, no Jardim Paulista, enviou nesta quarta-feira (1º) um comunicado aos pais para informar que está “analisando a situação e estudando a possibilidade de modificar condições de pagamento”.

Outras escolas também explicaram às famílias que o desconto pode colocar em risco a situação financeira das unidades. Em carta enviada aos pais, o colégio São Domingos, em Perdizes, informou que os salários de professores e funcionários são equivalentes a 90% das receitas obtidas mensalmente e que a suspensão das aulas os obrigou a investir em tecnologia para manter as atividades.

“Faz-se necessário comunicar, infelizmente, a inviabilidade de criar política geral de compensações para os impactos financeiros sentidos nas famílias em função da desaceleração de setores da economia”, informou a carta. O São Domingos, assim como os demais colégios consultados, disse manter a prática de avaliar individualmente novas formas de pagamento.

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