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Primeira fase da Unicamp traz questões sobre cracolândia, transfeminismo e pandemia

Mais de 56 mil alunos realizaram a prova neste domingo; abstenção foi a menor em seis anos

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São Paulo

A primeira fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) foi aplicada neste domingo (6) e abordou temas que estiveram presentes no noticiário do país, como a Amazônia, sustentabilidade, transfeminismo, ditaduras, pandemia e cracolândia.

"O vestibular espera ter contribuído para que os assuntos, que são para a vida, sejam legitimados nas várias práticas escolares", diz José Alves de Freitas Neto, diretor da Comvest (comissão do vestibular da Unicamp).

A prova foi realizada por 56.612 alunos. Nesta edição, 61.627 pessoas se inscreveram para concorrer a 2.540 vagas em 69 cursos de graduação —ao todo, houve uma abstenção de 8,14% de candidatos, o menor nível em seis anos.

A prova foi aplicada em 31 cidades do estado de São Paulo, incluindo a capital. Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Salvador e Fortaleza também recebem o teste —a capital cearense teve a maior abstenção, representantes da Unicamp atribuem ao fato da prova ter, coincidentemente, acontecido no mesmo dia da prova da Uece (Universidade Estadual do Ceará).

Movimentação de candidatos no Ciclo Básico da Unicamp, na cidade de Campinas, interior de São Paulo, neste domingo (6)
Movimentação de candidatos no Ciclo Básico da Unicamp, na cidade de Campinas, interior de São Paulo, neste domingo (6) - Denny Cesare/Código 19/Agência O Globo

Os cursos mais concorridos nesta edição são medicina, arquitetura e urbanismo e ciência da computação. A primeira fase teve duração máxima de cinco horas. Os inscritos responderam a 72 questões de múltipla escolha.

O gabarito oficial será disponibilizado na próxima quarta-feira, dia 16. A divulgação dos aprovados para a 2ª fase acontece no dia 3 de dezembro e as provas da segunda fase estão marcadas para os dias 11 e 12 de dezembro. Já a divulgação para a primeira chamada será no dia 6 de fevereiro de 2023.

O diretor da Comvest ainda disse que, nos dois anos, em meio à pandemia, houve uma queda no rendimento dos estudantes, principalmente, daqueles que vieram de escolas públicas. "Sabemos que não foi por falta de empenho de professores das escolas e nem das famílias, mas por conta das condições sociais que o nosso país enfrenta. Qualquer fenômeno de desigualdade é sempre impactante do ponto de vista dos estudantes", afirmou o diretor.

Ele relembrou que a universidade buscou adequar-se a essa realidade ao reduzir conteúdos e fazer provas mais contextualizadas, mas mesmo assim notou uma queda no rendimento dos estudantes —a mudança foi mantida no vestibular do ano que vem e, ao invés de 90 questões, os vestibulandos também vão responder a 72 perguntas.

O diretor da Comvest relembrou ataques às universidades durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). "O Brasil precisa se reencontrar com a valorização do ensino. Tivemos nas universidades, nesses últimos quatro anos, um ataque contínuo à universidade, o que talvez ajude a explicar a diminuição no número dos inscritos nos últimos anos", afirmou.

Neto ainda relacionou o fenômeno da queda dos inscritos ao movimento de "crítica injusta às universidades públicas, que não pararam nenhum momento, continuaram trabalhando e oferecendo o que têm de melhor."

Para Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do curso e Colégio Objetivo, a prova premia o aluno bem preparado, com pensamento crítico, antenado e exigiu uma formação moderna.

"O vestibulando deve ter uma competência linguística, domínio de vocabulário, conceitos, visões críticas das obras literárias. Não basta apenas ter lido livros", diz ela que citou que algumas questões fizeram comparações de textos de nomes como o patriarca da independência José Bonifácio e o historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda.

Um dos destaques foi a prova de inglês, que não exigiu apenas o conhecimento da língua estrangeira, mas a interpretação dos textos para entender as questões. Já matemática foi mais abrangente e não causou problemas aos estudantes. Em compensação, biologia foi a mais complexa das provas, que exigiu conteúdos tradicionais, como a fotossíntese, mas de uma maneira mais trabalhosa.

Já a prova de física foi muito contextualizada, dentro de uma programação tradicional de física. Em história, Antunes destacou que foram trabalhadas diferentes temas nas questões, como direitos trabalhistas, questões humanas e questões do bicentenário da independência do Brasil.

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