Descrição de chapéu universidade

Proporção de alunos com financiamento no ensino superior é o menor desde 2013

Segundo novo Censo do Ensino Superior 2021, 38,1% das 6,9 milhões de matrículas em faculdades privadas tinham algum tipo de crédito ou bolsa

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São Paulo

Com a redução dos principais programas federais durante o governo Jair Bolsonaro (PL), a proporção de matrículas na rede privada com algum tipo de financiamento no ensino superior atingiu o menor patamar desde 2013.

Segundo dados do Censo do Ensino Superior 2021, divulgados nesta sexta-feira (4), apenas 38,1% das 6,9 milhões de matrículas em faculdades privadas tinham algum tipo de financiamento. A rede particular é responsável por 76,8% das matrículas no ensino superior no país.

O censo é feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), ligado ao Ministério da Educação. O índice de financiamento observado em 2021 está 7 pontos percentuais abaixo do registrado um ano antes, quando 44,7% das matrículas tinham algum financiamento ou bolsa.

O recorde do índice foi registrado em 2018, antes do início do governo Bolsonaro, quando 48,6% das matrículas tinham financiamento.

Manifestantes protestam em frente ao Ministério da Educação após denúncias de corrupção
Manifestantes protestam em frente ao Ministério da Educação após denúncias de corrupção - Pedro Ladeira 25.mar.2022/Folhapress

Os dados do censo mostram uma inversão na forma de financiamento a partir de 2017. Até aquele ano, a maior parte das matrículas eram financiadas por programas federais. Depois desse ano, há uma inversão com a queda progressiva desse tipo de financiamento e o aumento de outras formas (por exemplo, bolsas das próprias faculdades).

O censo mostra ainda que Fies (Financiamento Estudantil) e o Prouni (Programa Universidade para Todos) atingiram o menor nível de matrículas em uma década. Os dados mostram que o Fies só alcançou 8% dos alunos da rede privada no ano passado –em 2014, o programa atingia 53% das matrículas.

O Prouni alcançou apenas 17% das matrículas em 2021, o programa já chegou a representar o financiamento de 25% dos alunos da rede privada em 2011.

No ano passado, a maior parte das vagas financiadas (75%) eram de outros tipos, como financiamentos privados (ofertados por bancos ou pelas próprias instituições de ensino) e bolsas oferecidas pelas faculdades.

Assim, em 2021, cerca de 2 milhões de matrículas tinham bolsas ou financiamento de outro tipo. Apenas 221.589 matrículas tinham Fies e 478.651 o Prouni.

O Fies e Prouni sofreram encolhimento nos últimos anos com a alteração de regras que tornaram mais difíceis o acesso às vagas. No caso do Fies, por exemplo, desde 2015 não há mais a possibilidade de financiamento de 100% das mensalidades.

"Parte da queda do Fies pode ser explicada pelas dificuldades econômicas do País. Só busca financiamento quem tem perspectivas de emprego e renda futura, e hoje muitos jovens não tem essa perspectiva, lamentavelmente", diz Celso Niskier, presidente da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).

Representantes do MEC que acompanharam a apresentação dos dados reconhecem o encolhimento dos programas, mas não apresentaram nenhuma mudança para fortalecê-los.

"Os dados do Censo são importantes para gente identificar a tendência das políticas, analisar as causas e tomar ações efetivas se necessário. O Fies e Prouni tiveram aumento de oferta nos últimos dois anos, mas tivemos queda de ocupação. Então, é importante que a gente analise a causa dessa queda", disse Eduardo Gomes Salgado, secretário-adjunto da Sesu (Secretaria do Ensino Superior) do Ministério da Educação.

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