Renato Feder aceita convite de Tarcísio para ser secretário de Educação em SP

Empresário da área de tecnologia está há quatro anos como secretário de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná

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São Paulo

O atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, aceitou convite do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) para comandar a educação em São Paulo.

Pessoas próximas a Feder disseram à Folha que ele já informou o governador Ratinho Júnior (PSD) que deixará o cargo. O nome de Feder deverá ser anunciado a partir da próxima semana, e ele assumirá a pasta em janeiro.

A definição sobre a pasta de Educação é uma das prioridades da equipe de transição do governo, que deu início ao trabalho na quarta-feira (16). O ano letivo começará no dia 6 de fevereiro, quase um mês após a posse de Tarcísio.

Renato Feder aceitou convite para ser secretário de Educação no governo de Tarcísio de Freitas
Renato Feder aceitou convite para ser secretário de Educação no governo de Tarcísio de Freitas - Danilo Verpa 28.jun.18/Folhapress

Como a Folha mostrou, nesta sexta-feira (18), Tarcísio deverá herdar da gestão João Doria/Rodrigo Garcia (PSDB) a falta de professores, situação vivida durante todo o ano letivo de 2022.

Há nove anos sem concurso público para professores, o estado reúne 3,5 milhões de alunos e 210 mil docentes. Além de não ter conseguido solucionar o déficit na rede estadual ao longo deste ano, a gestão atual acelerou a expansão do ensino integral. Este modelo pressiona ainda mais a demanda por professores.

O comando da secretaria estadual de São Paulo, a maior rede de ensino pública do país, dá a Feder a visibilidade que ele busca há anos.

Conforme adiantou a Folha, seu nome estava entre os mais cotados desde que Tarcísio venceu a eleição. A equipe avalia que a educação paulista tem problemas graves, como a falta de professores, por isso a pasta precisa ser comandada por alguém que já tenha experiência com grandes redes de ensino.

Empresário da área de tecnologia, Feder está há quatro anos como secretário de Ratinho Júnior e conseguiu colocar as escolas estaduais paranaenses entre as com melhor desempenho na última edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o que chamou a atenção da equipe de Tarcísio.

As políticas adotadas por Feder no Paraná estão alinhadas a interesses de fundações e empresários da área. No fim de outubro, por exemplo, o governo paranaense abriu um edital para contratar empresas que vão gerir 27 escolas estaduais, a partir do próximo ano.

Feder também foi responsável por implementar um sistema de teleaulas para alunos do ensino médio para contornar a falta de professores no estado e aumentar a oferta do que ele chama de ensino técnico.

As aulas por televisão, implementadas por Feder, levaram alunos de diversas escolas a protestar contra o modelo. No início do ano, os estudantes passaram a se recusar a assistir às aulas nesse formato.

As ações adotadas por Feder no Paraná também agradam à ala Bolsonarista, já que durante sua gestão ele promoveu uma das maiores ampliações de escolas cívico-militares no país. De 2020 a 2022, ao menos 195 escolas estaduais paranaenses passaram a ter o modelo defendido por Bolsonaro.

Feder nasceu em São Paulo, possui mestrado em Economia pela USP (Universidade de São Paulo) e graduação em Administração pela FGV (Fundação Getulio Vargas). No setor privado, ele se destacou como proprietário da empresa Multilaser.

Considerado liberal, Feder chegou a defender a privatização do ensino e a extinção do Ministério da Educação.

No livro "Carregando o Elefante" –como transformar o Brasil no país mais rico do mundo, ele o seu colega Alexandre Ostrowiecki defendem a tese que o governo deveria reunir oito ministérios e as funções das pastas de educação e saúde deveriam ser transferidas para agências reguladoras.

Para o sistema de ensino, Feder sugeriu a implantação do sistema de vouchers, em que famílias receberiam uma espécie de cupom com o qual matriculam os filhos em uma escola particular. O valor do cupom, então, seria pago diretamente à escola pelo governo.

No entanto, quando ele assumiu a Educação do Paraná, diz ter mudado de ideia após estudar o tema com maior profundidade.

Em julho de 2020, ele foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Educação após a saída de Abraham Weintraub.

A indicação não foi adiante na época por causa da relação próxima que Feder teve com o então governador de São Paulo, João Doria (que era do PSDB). Em 2016, Feder doou R$ 120 mil para a campanha de Doria à prefeitura paulistana.

Feder desistiu de ser ministro de Bolsonaro depois de sofrer ataques de apoiadores de Olavo de Carvalho e de evangélicos em razão de de sua proximidade com Doria.

O nome de Feder foi sugerido a Bolsonaro pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria, além de empresários. Na ocasião, uma ala considerada ideológica do governo, ligada ao escritor Olavo de Carvalho, e políticos evangélicos pressionaram o presidente para reverter a escolha de Feder.

Após a campanha contrária dos apoiadores de Bolsonaro, Feder recusou o convite. "Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apreço, mas declino do convite recebido", escreveu em suas redes sociais.

A nomeação de Feder, alinhado ao bolsonarismo, representa um revés para o coordenador da equipe de transição, Guilherme Afif Domingos (PSD), e para o próprio chefe do PSD e articulador da campanha de Tarcísio, Gilberto Kassab. O nome sugerido pela dupla era o do ex-deputado Thiago Peixoto, que foi secretário da Educação de Goiás.

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