Estudantes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo) estão em greve desde a noite de segunda-feira (18). O motivo é a falta de professores nos cursos da unidade.
De início, somente letras e geografia boicotariam aulas e ocupariam salas para exigir a contratação de novos docentes. Isso foi marcado para a última noite. Porém, às 19h, a coordenação disparou email anunciando suspensão de todas as atividades, com início em apenas 30 minutos. Logo, os prédios foram esvaziados e trancados.
A justificativa para a atitude foi a possibilidade de danos ao patrimônio público, e a guarda universitária foi acionada a fim de coibir qualquer motim. Depois, surgiram viaturas da Polícia Militar. Procurada três vezes por telefone, a FFLCH não se manifestou até a publicação deste texto.
Segundo a reitoria da USP, foram concedidos 879 cargos para todas as suas unidades de ensino desde 2022, sendo 70 à responsável pelas disciplinas de humanidades. Esta, no entanto, deve promover concursos para distribuição das vagas.
Pedro Chiquitti, líder do Diretório Central dos Estudantes da FFLCH, diz que a ação "truculenta" da gerência da faculdade uniu a todos. Ciências sociais, história e filosofia —naquele momento deliberando apoio—abraçaram automaticamente a paralisação.
Os mais de mil alunos presentes resolveram ir até o administrativo, onde pretendiam encontrar o diretor, Paulo Martins, e solicitar a imediata abertura das classes. Martins apareceu. Ele vinha de agenda externa e pedia para acessar seu escritório.
Os estudantes bloquearam a entrada do escritório e houve troca de xingamentos.
Após a confusão, representantes dos centros acadêmicos conseguiram reunir-se com o dirigente e compartilhar suas exigências: a pronta liberação dos prédios da FFLCH; a saída de agentes de segurança dos espaços estudantis; o agendamento de uma reunião entre a reitoria da USP e os alunos e, por fim, uma retratação pública de Paulo Martins.
Nesta manhã, as duas primeiras imposições haviam sido atendidas. O restante seria discutido em assembleia convocada às pressas.
Outro encontro, este de discentes, definiria se outros departamentos da universidade param em apoio. A reportagem apurou que a ECA (Escola de Comunicação e Artes) e a FEUSP (Faculdade de Educação) podem aderir ao movimento.
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