Desembolso da Fapesp em 2022 cresceu 16,7% em relação a 2021

Fundação ampliou as oportunidades de fomento à pesquisa por meio da criação de novos programas e do estabelecimento de novas parcerias

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Jussara Mangini
Agência Fapesp

Dados do Relatório Anual de Atividades da Fapesp mostram que o desembolso da Fundação em 2022 com pesquisas científicas e tecnológicas cresceu 16,7% em comparação com 2021 e o volume de novos projetos contratados, 8.820, foi 27,8% superior. No total, estavam em andamento 20.709 projetos de pesquisa financiados pela Fapesp.

Em relação ao período pré-pandemia, o investimento de R$ 1,18 bilhão foi 3% menor e o número de novas contratações foi 16,5% inferior. Parte desse resultado está relacionada a uma queda na submissão de propostas em comparação com 2019. Esse recuo reflete o impacto da Covid-19 nas atividades de pesquisa já que, em 2020 e 2021, o risco de contágio e as regras de distanciamento restringiram o acesso a universidades, instituições e laboratórios.

"No conjunto, a Fapesp continua sendo promotora do desenvolvimento científico e tecnológico do Estado de São Paulo. Junto com universidades, institutos de pesquisa, instituições de saúde, empresas inovadoras e startups, está contribuindo para a retomada das atividades criativas e produtivas após o desastre representado pela pandemia", afirma Marco Antonio Zago, presidente da Fundação.

Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp
Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp - Diego Padgurschi - 14.jul.2017 /Folhapress

No ano de seu 60º aniversário, a Fapesp ampliou as oportunidades de fomento por meio da criação de novos programas e de novas parcerias, além de adotar várias iniciativas que aumentaram o comprometimento futuro de recursos, em projetos de médio e longo prazos, de forma a canalizar os recursos acumulados no período para atividades de pesquisa e inovação no estado de São Paulo.

A pesquisa para o avanço do conhecimento, estratégia que engloba grandes projetos de pesquisa básica e aplicada – como os Projetos Temáticos, os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), Jovens Pesquisadores, entre outros –, assim como auxílios regulares, recebeu R$ 633,0 milhões ou 53,5% do total de recursos. Desses, R$ 229,1 milhões (36%) foram destinados para bolsas e R$ 403,9 milhões (64%) para auxílios.

Em 2022, a Fundação lançou a primeira chamada do Projeto Geração, voltado a apoiar quem já concluiu o doutorado e/ou pós-doutorado e ainda não tem vínculo empregatício. Também selecionou 111 projetos na primeira chamada do Auxílio à Pesquisa Projeto Inicial (Pi), de apoio a cientistas contratados há menos de oito anos em universidades ou institutos de pesquisa no Estado; contratou 54 novos Projetos Temáticos, além de lançar o primeiro edital para seleção de novos CEPIDs a serem implantados nos próximos três anos.

Para a formação de recursos humanos para ciência e tecnologia, que inclui somente as bolsas não vinculadas a programas de pesquisa, foram destinados 18% dos recursos, patamar semelhante a 2021. O valor de bolsas foi reajustado em 15%. As demais bolsas de formação e treinamento são contabilizadas nas estratégias em que foram contratadas.

O apoio à infraestrutura de pesquisa, ou seja, o investimento da Fapesp na modernização de laboratórios, compra ou reparo de equipamentos corresponde a 11% do total desembolsado. Em 2022 estavam abertas três chamadas de propostas para aquisição de equipamentos de grande porte, no total de R$ 450 milhões, que terão reflexo nos resultados de 2023.

Vale lembrar que essa modalidade de apoio inclui também o acesso à Rednesp (Research and Education Network at São Paulo), que conecta dezenas de instituições de educação e pesquisa do estado de São Paulo, entre elas e com o exterior. A Rednesp é responsável pela operação da Backbone SP, uma rede de fibra óptica de alta velocidade que interliga as oito universidades paulistas a uma velocidade de 100 Gigabits por segundo (Gbps).

Inovação

O aporte da Fapesp em pesquisa para inovação permaneceu no mesmo patamar de 2021, com 8,5% do desembolso. Foram R$ 99,6 milhões divididos entre bolsas (32,6%) e auxílios (67,4%) em andamento nos programas Centros de Pesquisa em Engenharia (CPEs) e Centros de Pesquisa Aplicada (CPAs), Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

O PIPE contratou 578 novos projetos de 224 empresas inovadoras e ganhou duas novas modalidades. Uma delas é o PIPE-TC, com foco na transferência de conhecimento, que permitirá o financiamento de provas de conceito de pesquisas originadas nas instituições de ensino superior ou de pesquisa que sejam de interesse de pequenas empresas, aproximando ainda mais a academia da indústria e do mercado.

A outra modalidade é o PIPE Start, que tem como público-alvo potenciais empreendedores e empresas nascentes que precisam de conhecimento básico de empreendedorismo de base tecnológica. O objetivo é apoiar a fase de ideação de um produto ou processo inovador, quando a solução tecnológica ou o modelo de negócios ainda não está formatado ou validado.

Duas iniciativas da Fapesp relacionadas ao PIPE exemplificam os esforços para ampliar as oportunidades de empreendedorismo: a simplificação dos procedimentos de submissão de projetos iniciais e o estabelecimento de nova política de propriedade intelectual. Pelas novas regras, as empresas apoiadas pelo PIPE passam a deter exclusivamente os direitos de propriedade intelectual dos resultados das pesquisas financiadas.

No ano, três novos CPEs iniciaram suas atividades: o primeiro voltado para o desenvolvimento de inovação offshore, em parceria com a Shell e sede na Universidade de São Paulo (USP); o segundo, com foco no melhoramento molecular de plantas, junto com a Embrapa e com sede na Unicamp; e o terceiro, de pesquisa em imuno-oncologia, em parceria com a GSK, sediado na Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein.

Outros três CPEs foram constituídos em 2022 com início de atividades previsto para 2023. O Smartness, que realizará pesquisa em redes e serviços inteligentes mirando 2030, será instalado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Ericsson. De olho na mobilidade aérea do futuro, o Centro de Pesquisa em Engenharia para a Mobilidade Aérea do Futuro (CPE-MAF) articulará pesquisadores da Embraer e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). E a Braskem será parceira da Unicamp e de outras instituições em pesquisas sobre o uso da plasticultura no cultivo agrícola.

Seguiu estável o desembolso com Pesquisa em Temas Estratégicos, que abrange investimentos em temas como biodiversidade (Programa BIOTA), bioenergia (BIOEN), mudanças climáticas (PFPMCG), pesquisa em políticas públicas (PPPP), entre outros. Essa estratégia recebeu R$ 86,3 milhões (7% do desembolso total), sendo 33,5% com bolsas e 66,5% com auxílios.

Entre as chamadas, destaca-se a do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), que destinará R$ 10 milhões para projetos que ofereçam análises e visão de futuro para acelerar a transição energética, e a do Programa Fapesp de Pesquisa em eScience e Data Science (e-Science), que reservou R$ 21 milhões para apoiar projetos colaborativos conduzidos por pesquisadores das áreas de computação e de ciências humanas e sociais.

Em 2022, foram anunciados 17 novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs) selecionados em edital de 2021. Ao todo, 28 CCDs estão implantados. Eles reúnem, em colaboração, pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa, de órgãos públicos do estado de São Paulo, entre outros, na busca de solução para desafios previamente definidos pelas secretarias estaduais.

Na mesma perspectiva, a Fapesp lançou em 2022 o PROEDUCA, programa de apoio a estudos sobre educação básica implementado em conjunto com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. O objetivo é subsidiar o aprimoramento e o desenvolvimento de políticas públicas e de abordagens pedagógicas voltadas à melhoria do aprendizado e à redução das desigualdades regionais. Em 2022, foi publicado o primeiro de três editais.

O ano de 2022 foi de consolidação de parcerias. Sete novos acordos para cofinanciamento de pesquisa foram firmados, totalizando 215 parcerias com 162 organizações estrangeiras e 53 nacionais. Foram realizadas 38 chamadas em parceria com 19 organizações estrangeiras e 13 nacionais.

No âmbito da parceria entre USP, governo de São Paulo e Instituto Pasteur, a Fapesp renovou e ampliou o apoio à Plataforma Científica Pasteur-USP, um conjunto de laboratórios que vão abrigar a unidade brasileira do Pasteur.

Merece também destaque a articulação da Fapesp para a implementação da Iniciativa Amazônia +10, parceria que envolve Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), sob liderança de seu Conselho Nacional (Confap), com o objetivo de estimular pesquisa colaborativa e interdisciplinar com foco no desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Lançada em junho de 2022, a primeira chamada mobilizou mais de 500 pesquisadores em 20 Estados brasileiros, tendo sempre pelo menos um pesquisador da Amazônia na equipe do projeto. Foram selecionadas 39 propostas, totalizando um aporte de R$ 41,9 milhões. Um segundo edital está previsto para 2023.

Repercussão

A Fapesp manteve a visibilidade na mídia nacional e internacional. Foram publicadas 53.008 notícias sobre a Fundação, sobre projetos de pesquisa ou sobre pesquisadores apoiados, volume 3% superior aos resultados de 2021, tendo como fonte de informações a Agência Fapesp, o boletim Pesquisa para Inovação e a revista Pesquisa Fapesp.

O Relatório Anual de Atividades 2022 traz ainda um balanço da produção científica sobre Covid-19 nos anos da pandemia, apresenta valores aprovados pela Fapesp em 2022 com o futuro dos projetos, e um especial sobre as comemorações dos 60 anos da Fundação.

O relatório pode ser acessado em fapesp.br/relatorio2022.

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