Descrição de chapéu Enem

'Ministro me disse que Enem não muda e que eu posso esperar para prestar ou estudar mais', diz aluna

Estudante abordou Camilo Santana na saída de congresso e pediu para ele alterar o exame já em 2024

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São Paulo

Uma estudante do segundo ano do ensino médio abordou o ministro da educação, Camilo Santana, na saída de um congresso em São Paulo, e lhe pediu para adaptar o Enem para o novo ensino médio em 2024. Para ela, a resposta foi decepcionante.

"Ele me respondeu que não daria tempo de mudar no próximo ano, me disse que eu poderia esperar para prestar em outro ano ou então estudar mais", contou Maria Eduarda Gutérrez, 16, durante um debate sobre o novo ensino médio no 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, realizado pela Jeduca, a associação de jornalistas de educação, no Teatro da Fecap, em São Paulo.

O ministro, pela manhã, havia se apresentado no evento, e dito que o projeto de lei com as alterações no novo ensino médio está pronto, será apresentado ao presidente Lula (PT) e encaminhado ao Congresso para votação. O projeto amplia para 2.400 a carga horária das matérias regulares (como português e matemática), que havia sido reduzida para 1.800 horas no novo ensino médio.

Camilo Santana, ministro da educação, durante congresso da Jeduca, a associação de jornalistas de educação - Laura Mattos/Folhapress

Já as mudanças no Enem, segundo Santana, devem ficar somente para 2025. O exame é a principal porta de entrada das faculdades públicas e ainda está moldado ao ensino médio antigo, que tinha uma carga horária de 2.400 horas para as matérias regulares, maior, portanto, do que o tempo dedicado a essas disciplinas atualmente.

Antes de Maria Eduarda falar com o ministro, sua mãe, Tatiane Gutérrez, também o abordou em meio a jornalistas, na saída do evento: "Estou falando como mãe de uma aluna do ensino médio. Vocês não podem fazer um ajuste para essa turma no Enem já em 2024?"

Ele respondeu que algum ajuste seria possível fazer e que os estudantes não seriam prejudicados. "Depois, longe dos jornalistas, ele disse para a Maria Eduarda que não ia conseguir mudar e ainda falou para ela esperar para prestar. É frustrante", disse Tatiane à Folha.

A assessoria do ministro, consultada pela Folha sobre esse episódio, afirmou que não iria comentar essa conversa com a jovem. Apenas reafirmou que, para 2024, não haverá mudanças no Enem.

Maria Eduarda, que é de Porto Alegre, foi convidada a participar do debate sobre o novo ensino médio com outras duas estudantes de escolas públicas, Maria Luiza Vasconcelos, da cidade de Feira Nova, em Pernambuco, e Vitória Ribeiro, do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. Todas estão no segundo ano do ensino médio e, portanto, são da turma que começou a estudar com o novo modelo, implementado em 2022.

"Nós fomos as cobaias de novo ensino médio", disse Maria Luiza no evento.

As três disseram ser contrárias ao novo ensino médio e contaram as dificuldades que enfrentam. "Eu acordo 5h para ir à escola. Quero fazer direito e escolhi o itinerário de linguagens, que era o único da minha escola que podia ter alguma relação", diz Maria Eduarda. "Mas aí tem uma aula de linguagem corporal, e a professora manda a gente brincar de pega-pega", relatou. "Estamos todos perdidos, e a maior parte da evasão escolar tem a ver com esses itinerários."

Maria Luiza disse que o governo "tinha que mudar logo, já no próximo ano", para não prejudicar toda essa geração de estudantes. "Os vestibulares da minha região são muito conteudistas, e as aulas das matérias básicas vão fazer muita falta." Segundo ela, na sexta-feira, dia em que as aulas dos itinerários se concentram, só metade da turma vai à escola.

Vitória falou das dificuldades dos jovens que têm que trabalhar e, quando chegam a escola, muitas vezes não há professor, especialmente para as aulas dos itinerários. "E temos aula online das 18h às 19h, sendo que as aulas presenciais começam às 19h. "

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