Descrição de chapéu unicamp greve violência

Professor da Unicamp é detido sob suspeita de ameaçar com faca alunos em paralisação

OUTRO LADO: Docente disse à polícia que foi impedido de dar aula e usou faca e spray de pimenta para se defender

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São Paulo

Um professor foi detido na manhã desta terça-feira (3) na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sob suspeita de ameaçar dois estudantes da instituição com faca e spray de pimenta. Os alunos da instituição decidiram iniciar uma paralisação nesta terça.

Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes), os alunos entraram na sala do professor para comunicar a decisão de paralisação, quando ele sacou uma faca e os ameaçou.

Em um vídeo, gravado por outros estudantes, é possível ver o momento em que o professor sai correndo por um corredor das salas de aula com a faca em mãos em direção a um dos alunos. O jovem entra em confronto com o docente para desarmá-lo, e só então dois seguranças da universidade aparecem para conter o docente.

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Professor é detido após tentar ferir aluno com faca durante paralisação de estudantes da Unicamp - Reprodução/@dceunicamp no Instagram

Na tarde desta terça, a Secretaria de Segurança Pública havia informado que o registro policial trazia a versão apurada pelos policiais militares de que o professor, de 44 anos, chegou à universidade para dar aula, quando foi impedido por um grupo de alunos. "O professor foi derrubado no chão e usou um spray de pimenta e uma faca para se defender", diz o registro.

O registro policial colocou o professor Rafael de Freitas Leão como vítima. O caso foi registrado como lesão corporal e incitação ao crime.

No fim da tarde, a secretaria enviou uma nova nota em que esclarece que a Polícia Civil instaurou um termo circunstanciado e encaminhou o caso ao Juizado de Especial Criminal. "Na ocasião, um professor da instituição de ensino e um aluno foram conduzidos à delegacia e prestaram depoimento. Todas as partes foram ouvidas e o professor foi qualificado pela autoridade policial como vítima".

"A Polícia Civil está à disposição para formalização de novas denúncias e ressalta que novos fatos podem ser anexados ao termo circunstanciado para apreciação do Poder Judiciário e análise do Ministério Público", diz a nota.

Rafael de Freitas Leão é docente do IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica). A Folha tentou contato com o professor, mas não conseguiu falar com ele até a publicação desta reportagem.

Em nota, a reitoria da Unicamp disse repudiar os "atos de violência" dentro do campus na manhã desta terça e informou que, além do inquérito policial já instaurado, a conduta do docente também será "averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis".

"A reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos", diz a nota.

Em entrevista à Folha, o reitor Antonio José Meirelles disse que a Unicamp viveu nesta terça um dos dias mais tristes de sua história.

"Foram posturas não democráticas dos dois lados que estavam nessa disputa. Não é possível um professor vir para a universidade com um spray de pimenta e uma faca. Isso é inadmissível. Assim como é inadmissível alunos ou pessoas de fora impedirem a realização de atividades", disse Meirelles.

Em nota, o DCE disse que a situação é inaceitável, e que os estudantes não serão "impedidos de se manifestar de maneira democrática e pacífica". O diretório também pede a exoneração imediata do docente.

"Após o agressor ser imobilizado, a segurança retirou a faca do agressor, que tinha uma lâmina de aproximadamente 20 centímetros. Ressaltamos que uma faca desse porte, ou qualquer outro objeto cortante, não faz e nem deve ser objeto didático, portanto, o professor portava a faca com intenções de utilizá-la em combate para ferir estudantes."

Estudantes de ao menos 23 cursos da Unicamp aprovaram a paralisação desta terça, em apoio aos protestos contra a privatização de órgão estaduais e contra a situação das universidades estaduais paulistas.

Assim como na greve da USP, os estudantes da Unicamp reivindicam a contratação de docentes e funcionários. Eles também pedem melhorias na infraestrutura da universidade, já que alguns cursos, como os de educação física, geografia e artes, estariam funcionando em prédios com estrutura precária

Reivindicam ainda a ampliação de políticas de permanência estudantil, com o reajuste dos valores de bolsa e a construção de moradia estudantil nos campi de Limeira e Piracicaba.

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