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Proteínas podem prever demência 10 anos antes do diagnóstico, sugere estudo

Especialistas avaliaram 52.645 amostras do repositório de pesquisa Biobank do Reino Unido coletadas entre 2006 e 2010

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Julie Steenhuysen
Chicago | Reuters

Um estudo de amostras de sangue congelado revelou uma série de proteínas que podem prever várias formas de demência mais de 10 anos antes do diagnóstico da doença, relataram pesquisadores do Reino Unido e da China na segunda-feira (12).

O trabalho, publicado na revista Nature Aging, faz parte de pesquisas em andamento de várias equipes para identificar pacientes em risco de demência usando um simples teste de sangue, um avanço que muitos cientistas acreditam que acelerará o desenvolvimento de novos tratamentos.

Atualmente, exames de imagem cerebral podem detectar níveis anormais de uma proteína chamada beta-amiloide muitos anos antes do desenvolvimento da doença de Alzheimer, mas os testes são caros e podem não ser cobertos por planos de saúde.

Imagem de um exame de ressonância magnética - Elena Abduramanova/Adobe Stock

"Com base neste estudo, parece provável que testes de sangue sejam desenvolvidos para prever o risco de desenvolver demência nos próximos 10 anos, embora indivíduos com maior risco muitas vezes tenham dificuldade em saber como responder", diz Suzanne Schindler, pesquisadora de Alzheimer na Universidade de Washington em St. Louis, que não participou da pesquisa.

O autor do estudo, Jian-Feng Feng, da Universidade Fudan em Xangai, afirma que tais testes são essenciais em populações que estão envelhecendo, como a da China, e diz que está em negociações para o desenvolvimento comercial potencial de um teste de sangue com base em sua pesquisa.

No estudo, pesquisadores da Universidade de Warwick e da Universidade Fudan avaliaram 52.645 amostras de sangue do repositório de pesquisa Biobank do Reino Unido coletadas entre 2006 e 2010 de pessoas que não apresentavam sinais de demência na época.

Dessas, 1.417 pessoas eventualmente desenvolveram doença de Alzheimer, demência vascular ou a doença de qualquer causa. Os pesquisadores estudaram assinaturas proteicas comuns nesses indivíduos e encontraram 1.463 proteínas associadas à demência e classificaram-nas de acordo com a probabilidade de prever a condição.

Eles descobriram que pessoas cujo sangue continha níveis mais altos das proteínas GFAP, NEFL, GDF15 e LTBP2 tinham consistentemente mais chances de ter desenvolvido doença de Alzheimer, demência vascular ou outras demências. Pessoas com níveis elevados de GFAP tinham 2,32 vezes mais chances de desenvolver demência, confirmando descobertas de estudos menores que apontavam para a contribuição dessa proteína.

Os autores observaram que sua pesquisa não foi validada de forma independente. Uma proteína que se saiu bem na previsão da demência, a neurofilamenta leve, já é usada na clínica para diagnosticar e monitorar algumas condições, como esclerose múltipla, afirmou Schindler em um e-mail.

"Este estudo não incluiu testes de sangue disponíveis clinicamente para a doença de Alzheimer, que provavelmente preveriam ainda melhor o desenvolvimento da demência devido à doença de Alzheimer", disse ela.

Tais testes já estão sendo usados para identificar candidatos para ensaios clínicos que testam tratamentos em pacientes com doença em estágio inicial ou mesmo pré-sintomática, como o Leqembi da Eisai 4523.T e o BIIB.O da Biogen. O medicamento recentemente obteve aprovação regulatória nos Estados Unidos, Japão e China.

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