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Rosa, azul e a escolha profissional de mulheres

Edição da newsletter Todas fala sobre impacto que estímulos na infância têm no futuro de meninas

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Vitória Macedo
Vitória Macedo

Jornalista, escreve para o Todas

São Paulo

Esta é mais uma edição da newsletter Todas, que apresenta discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres. Quer recebê-la às quartas-feiras no seu email? Inscreva-se abaixo:

Menino veste azul e menina veste rosa. A frase que virou praticamente o bordão da senadora e ex-ministra Damares Alves representa uma construção social que vai além da cor. Ela está presente também nos brinquedos com os quais as crianças brincam. Enquanto meninos ganham carrinhos e jogos de montar, as meninas recebem bonecas bebês, panelinhas e pentes —todos itens que remetem ao cuidado e ao embelezamento.

Qual o impacto disso na prática? Bom, isso pode influenciar o comportamento de meninos e meninas em ambientes como o lar e a escola, além de impactar na escolha de suas profissões. É o que diz a economista e psicóloga com quem conversei, Regina Madalozzo.

Afinal, é muito mais fácil decidir ser engenheiro ou piloto de corrida quando você vê muitos iguais a você exercendo tais papéis. Logo, em cursos de economia, tecnologia da informação ou engenharia, a representação de mulheres ainda é muito baixa. E isso tem reflexo no mercado de trabalho.

Mas existem mulheres que estão subvertendo essa ideia e chegam a cargos de liderança em profissões nas quais são menos representadas. É o caso da Aline Guasti Teixeira, 35, engenheira civil, que supervisiona obras e é CEO da MConsult Engenharia. Até chegar a esse posto ela passou por estresses físicos e mentais para se encaixar nesses espaços, como contei em uma reportagem.

Uma pesquisa feita pelo Portal AECweb e o Sienge Comunidade, em conjunto com o Ecossistema Tecnológico da Indústria da Construção, da Softplan, mostra que para 77% dos profissionais do setor, ainda há preconceito com a atuação feminina.

A pesquisa ainda mostra que a falta de referência é outro fator limitante para atuação das mulheres na construção civil.

Quem tenta mudar isso também são as oito engenheiras técnicas que comandam a obra do Rodoanel, como escreveu o repórter Alex Sabino. "Já aconteceu de eu chegar na obra e perguntarem: ‘Onde está o engenheiro?’", relembrou Fernanda Charette Tokuyama, 47, engenheira e coordenadora de planejamento da faixa adicional.

A falta de pessoas em quem se inspirar também é um dos fatores que afastam meninas da área de tecnologia. Por isso, a VP de estratégia e inovação da ilegra Caroline Capitani diz que é importante incentivar meninas desde cedo a ingressarem nessa área.

Naomi, Receba e Agatha são três meninas com as quais conversei sobre o tema. Elas adoram estudar programação e se veem no futuro em uma profissão que envolva tecnologia. "No começo todo mundo vai achar que é muito chato, porque se você é mulher vai ter você e um monte de homens. E você vai se sentir deslocada", afirmou Agatha. "Depois você vê que consegue mudar isso, que consegue trazer mais pessoas para esse campo, mais mulheres para esse campo."

De pouquinho a pouquinho esses espaços podem ser cada vez mais preenchidos por nós.

Li por aqui

O novo blog da Folha, Não tem Cabimento, traz discussão importante no último texto sobre regras para comer. Quantas mulheres não já caíram na cilada de dietas restritivas? As autoras do blog, sob pseudônimos, conversaram com a nutricionista Sophie Deram sobre como comportamentos obsessivos, que causam a impressão de controle, podem estar associados a quadros de bulimia e anorexia.

Também quero recomendar

Quando se pensa em Barbie, qual a primeira imagem que se vem à mente? Uma boneca branca, loira e de olhos azuis. O novo documentário da Netflix, "A Primeira Barbie Negra", como o nome já diz, tenta mudar essa ideia ao trazer a história da criação da boneca e de mulheres pioneiras que criaram a imagem dessa Barbie na Mattel. É um filme com reflexões sobre representatividade e o papel das bonecas no passado e no presente.

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