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Programa de computador ajuda criança com dislexia
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MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS
Um programa para ajudar crianças com dislexia a melhorar o desempenho em leitura e escrita foi desenvolvido por uma pesquisadora da Unicamp e poderá ser usado em sala de aula. O objetivo é estimular a relação entre sons, imagens e palavras.
A dislexia é um transtorno de aprendizagem causado por dificuldade acima do comum para ler e escrever. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, até 7% das crianças em idade escolar têm o transtorno.
Em sua tese de doutorado, a fonoaudióloga Cintia Alves Salgado Azoni formulou um software e desenvolveu o que chamou de Prefon (Programa de Remediação Fonológica).
Participaram da pesquisa 62 crianças, divididas em três grupos: 17 diagnosticadas com dislexia fizeram as atividades do programa; outras 14 com o transtorno não fizeram e 31 sem o problema serviram como grupo-controle.
Após seis meses de sessões semanais, as que utilizaram o Prefon mostraram mais rapidez para nomear cores ou imagens (o tempo caiu de um minuto e meio para 40 segundos, em média) e melhora no nível de leitura.
"No início, algumas crianças dos dois grupos com dislexia só reconheciam as letras, sem conseguir juntá-las. Depois de passar pelo programa, houve quem passou a ler, enquanto algumas das que não participaram da intervenção ainda estavam apenas reconhecendo letras", conta Azoni.
Segundo ela, depois das pesquisas as outras 14 crianças com dislexia também tiveram acesso ao programa.
Os exercícios do software não chegam a exigir escrita das crianças, mas envolvem atividades que são pré-requisitos para a alfabetização.
Diante de imagens de cor vermelha, amarela, verde e azul, por exemplo, uma criança sem dislexia pode levar 30 segundos para falar os nomes de cada uma em sequência. Com dislexia, o tempo pode dobrar, e os erros são mais frequentes (como chamar vermelho de verde).
"Não é só isso que mostra dislexia, mas se a criança segue com muitas dificuldades nessa área, ou não consegue identificar rimas ou guardar a ordem de sons de uma palavra, terá maiores problemas para se alfabetizar", disse a pesquisadora.
"Com o software, as crianças se mostraram mais motivadas, e o trabalho do profissional pode ser agilizado."
ESTÍMULO
Para Cinthia Wilmers de Sá, fonoaudióloga da Associação Brasileira de Dislexia, ferramentas como esse software têm papel fundamental na melhoria das habilidades da criança.
"Ninguém deixa de ser disléxico, mas pode desenvolver estratégias que vão dar a essa pessoa uma condição plena de vida de acordo com o estímulo que recebe", disse.
"Numa era em que tecnologia é preponderante, com certeza essa ferramenta [o Prefon] pode trazer maior interesse e estímulo às habilidades das crianças, mas não se deve restringir o trabalho só ao computador", avalia Sá.
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