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Bebês que passam mais tempo diante de telas sofrem atrasos de desenvolvimento

Psicólogo diz que a interação entre pais e filhos é crucial para a transmissão de informações

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Matt Richtel
The New York Times

Bebês de um ano de idade que passam mais de quatro horas por dia diante de telas apresentaram atrasos de desenvolvimento na comunicação e habilidade de resolver problemas aos 2 e 4 anos de idade. A informação é de um estudo publicado na revista científica The Journal of the American Medical Association Pediatrics.

A pesquisa também descobriu que bebês de um ano expostos a telas por mais tempo que seus pares apresentaram atrasos no desenvolvimento de habilidades motoras finas, pessoais e sociais quando chegaram aos dois anos. Mas esses atrasos pareceram se dissipar até os quatro anos.

O estudo não concluiu que o tempo de exposição a telas provocou os atrasos no desenvolvimento, mas encontrou uma associação entre bebês expostos a telas por mais tempo e atrasos em seu desenvolvimento. Especialistas disseram que isso pode ser explicado pelo valor do contato cara a cara para as crianças pequenas.

Menina olha fixamente para tela de celular
Estudo mostra que bebês de 1 ano que passam mais de quatro horas por dia diante de telas apresentaram atrasos de desenvolvimento na comunicação e habilidade de resolver problemas - Mirko Sajkov por Pixabay

Por que isso tem importância

David J. Lewkowicz é psicólogo do desenvolvimento do Centro de Estudos da Criança de Yale. Ele disse que a interação cara a cara entre pais e filhos é crucial para a transmissão de um conjunto importante de informações aos bebês, incluindo sobre como expressões faciais, palavras, tom de voz e feedback físico se combinam para transmitir linguagem e significados.

"Isso não acontece quando a criança está assistindo a algo em uma tela", ele disse, acrescentando que os resultados da pesquisa não o surpreenderam.

As conclusões do estudo conduzido por pesquisadores no Japão foram baseadas em questionários sobre desenvolvimento e tempo diante de telas, entregues aos pais de quase 8.000 crianças pequenas. De modo geral, foi constatado que os bebês expostos a mais tempo diante de telas são filhos de mães de primeira viagem mais jovens, com renda e nível de instrução familiar mais baixos, além de mães que sofrem depressão pós-parto. Segundo as respostas, apenas 4% dos bebês passavam quatro ou mais horas por dia diante de telas, 18% passaram menos de quatro horas por dia, e a maioria, menos de duas horas.

O estudo observou uma "associação entre dose e resposta" entre o tempo diante de telas e os atrasos de desenvolvimento: quanto mais tempo os bebês ficavam diante de telas, maiores as chances de apresentarem atrasos no desenvolvimento.

O que vem a seguir

Os autores do estudo observaram que a pesquisa não fez uma distinção entre tempo diante de telas com finalidade educativa e tempo mais voltado a entretenimento. Eles destacaram que estudos futuros devem se debruçar sobre esse ponto.

Lewkowicz disse que pais sempre lhe perguntam quanto tempo de tela é o melhor. Sua resposta: "Converse com seu filho o quanto você puder cara a cara".

Para ele, é inviável pedir aos pais que nunca coloquem seus bebês diante de telas: "Pai ou mãe nenhum daria ouvidos a isso. Mas precisa ser com moderação. Com uma dose forte de interação social na vida real".

Tradução de Clara Allain

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