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FDA planeja proibir formol em alisantes de cabelo; uso é vetado no Brasil

Anvisa baniu substância em 2009, mas químico ainda é usado de forma irregular nos produtos capilares

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Roni Caryn Rabin Christina Jewett
The New York Times

A FDA (agência que regulamenta alimentos e drogas nos EUA) propôs proibir produtos alisadores de cabelo que contenham ou emitam formaldeído (conhecido como formol), mais de uma década após especialistas da indústria cosmética declararam os produtos inseguros.

[No Brasil, a venda de formol é proibida pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) desde 2009, apesar de o produto ainda ser utilizado em alisantes irregulares, segundo a vigilância.]

O uso frequente de alisantes químicos de cabelo tem sido associado a um possível aumento no risco de desenvolver câncer de útero, também conhecido como câncer endometrial. Mulheres que utilizam os produtos frequentemente enfrentam mais que o dobro do risco daquelas que não usam.

Profissional alisando cabelo longo e ruivo
Estudos ligam alisantes e relaxamentos ao câncer - Adobe Stock

Outros estudos relacionaram alisantes e tinturas de cabelo ao câncer de mama e ovário. Os cientistas da agência consideraram o formaldeído um carcinógeno humano há sete anos, e seus advogados começaram a redigir uma proposta de proibição naquela época.

Aqueles que trabalham como embalsamadores, que estão expostos a altos níveis de formaldeído, têm taxas mais altas de leucemia mieloide e outros cânceres raros. A FDA adverte que as reações imediatas podem incluir irritação nos olhos e garganta, tosse, chiado ou dor no peito. Problemas crônicos ou de longo prazo incluem dores de cabeça frequentes, asma, irritação da pele e reações alérgicas.

Os produtos alisadores de cabelo são comercializados principalmente para mulheres negras. Embora as taxas de câncer uterino tenham aumentado entre todas as mulheres nos últimos anos nos EUA, o aumento foi mais acentuado entre mulheres não brancas, incluindo mulheres asiáticas e hispânicas.

A regra proposta pela agência proibiria o uso de formaldeído e de outros produtos químicos que liberam formaldeído em alisantes e relaxantes de cabelo comercializados nos Estados Unidos. A data-alvo para a proibição é abril de 2024.

Alguns tratamentos, incluindo os chamados tratamentos de queratina, afirmam ser livres de formaldeído, mas contêm uma substância chamada metilenoglicol, que se converte em gás formaldeído após entrar em contato com o ar. (Os cientistas consideram o metilenoglicol como simplesmente um formaldeído em solução.)

A agência americana sempre teve autoridade para proibir um ingrediente específico como o formaldeído, e já removeu cerca de uma dúzia de ingredientes, incluindo compostos de mercúrio, de cosméticos.

A ampliação da supervisão pela FDA, porém, não significa que novos produtos passarão por uma revisão da agência antes de serem comercializados para o público. Mas os fabricantes de shampoos, esmaltes de unha, maquiagem e outros itens agora são obrigados a registrar seus locais de fabricação e a divulgar os ingredientes na embalagem.

A FDA também pode emitir um recolhimento obrigatório de um produto cosmético se surgir uma preocupação séria com a saúde ou ocorrer alguma morte.

A controvérsia sobre o formaldeído em alisantes de cabelo persiste há anos. O Environmental Working Group, uma organização de defesa, pediu à agência em 2011 e novamente em 2021 para proibir produtos capilares com formaldeído.

Os advogados da agência começaram a redigir regras para uma proposta de proibição em 2016. Mas o processo foi interrompido abruptamente alguns meses depois, e nenhuma explicação foi dada.

"A FDA sabe há décadas que esses produtos são perigosos", diz Melanie Benesh, vice-presidente de assuntos governamentais do Environmental Working Group. "Não há motivo para eles não terem agido mais cedo."

"Esta é a primeira indicação pública que vemos de que eles estão planejando proibir isso em alisantes de cabelo", acrescenta Benesh. Os produtos representam um risco real de danos, diz ela, tanto para cabeleireiros regularmente expostos ao vapor de formaldeído durante o tratamento, quanto para os clientes que o recebem.

A agência incentiva os consumidores a lerem os rótulos dos produtos capilares antes de comprá-los e a evitar aqueles que contêm formaldeído, formalina ou metilenoglicol. Além disso, insta os consumidores a perguntarem aos cabeleireiros quais produtos estão usando e a relatarem reações adversas.

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