Futuro de derivados da maconha na dermatologia é promissor, mas faltam estudos para aplicação

Para especialista, é cedo para dermatologistas receitarem cremes à base de Cannabis

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Florianópolis

O futuro de derivados da maconha na dermatologia é promissor, mas ainda é cedo para recomendar a aplicação de produtos com canabidiol na pele ou no cabelo.

A avaliação é de Reinaldo Tovo Filho, coordenador do núcleo de dermatologia do hospital Sírio-Libanês e palestrante no 76o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, realizado em setembro em Florianópolis. O uso do canabidiol foi tema de uma das sessões do evento.

Coceira
Alguns canabinoides parecem ter efeitos positivos em quadros de coceira, mas ainda são necessários mais estudos para determinar benefícios e posologia - Adobe Stock

O médico explica que os estudos sobre derivados da Cannabis sativa remontam aos anos 1960, mas apenas mais recentemente os pesquisadores debruçaram-se sobre os efeitos dessas substâncias na pele.

As pesquisas apontaram que derme, epiderme e folículos capilares possuem receptores dos chamados endocanabinoides, canabinoides produzidos pelo próprio corpo e que têm efeitos sobre funções como estresse.

"Essas substâncias, quando nós mesmos produzimos, podem ir para esses receptores e voltar com uma informação de estímulo ou de sedação", afirma Tovo Filho. O objetivo dos estudos é utilizar derivados da maconha que atuem nesses receptores e ajudem a diminuir o prurido e restabelecer a barreira cutânea.

"Estamos procurando uma substância que, de alguma maneira, bloqueie os receptores relacionados à inflamação da pele, à coceira", diz. "Como agora conhecemos melhor o sistema endocanabinoide, sabemos onde mais ou menos agir."

O conhecimento acumulado, porém, não é suficiente para assegurar os benefícios das fórmulas com 2% de canabidiol que alguns dermatologistas têm receitado para problemas como prurido, acne, dermatite atópica e mesmo queda de cabelo.

"Não dá para sair com uma prescrição tópica, dizer que o creme à base de Cannabis vai melhorar a coceira, a inflamação, a hidratação, a perda de cabelo. Ainda não dá para dizer isso", defende Tovo Filho.

"Teoricamente, o canabidiol pode ajudar, mas são mecanismos muito complexos. Não é uma ou outra substância, há diversas substâncias envolvidas na coceira, por exemplo. Precisamos estudar mais, senão podemos melhorar uma coisa e piorar outra. Carecemos de mais estudos."

A repórter viajou a convite da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia)

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