Raça não altera risco de doenças cardíacas, dizem cientistas

Revisão ocorre em meio a preocupações crescentes sobre igualdade e preconceito nos sistemas de saúde

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Roni Caryn Rabin
The New York Times

Há muito tempo os médicos se baseiam em algumas características-chave dos pacientes para avaliar o risco de infarto ou AVC (acidente vascular cerebral), utilizando um cálculo que considera pressão arterial, colesterol, tabagismo e o estado de diabetes, bem como dados demográficos: idade, sexo e raça.

Agora, a American Hearth Association está retirando a raça dessa equação.

A revisão do algoritmo de risco cardíaco amplamente utilizado é um reconhecimento de que, ao contrário do sexo ou da idade, a identificação da raça em si não é um fator de risco biológico.

0
Pesquisadores afirmam que raça não altera o fator de risco para doenças cardíacas - Zanone Fraissat/Folhapress

Os cientistas que modificaram o algoritmo decidiram que a raça em si não pertencia às ferramentas clínicas usadas para orientar a tomada de decisões médicas, embora a raça pudesse servir como substituto para certas circunstâncias sociais, predisposições genéticas ou exposições ambientais que aumentam a probabilidade de doença cardiovascular.

A revisão ocorre em meio a preocupações crescentes sobre a igualdade na saúde e o preconceito racial no sistema de saúde dos Estados Unidos, e faz parte de uma tendência mais ampla de retirada da raça de diversos algoritmos clínicos.

"Não deveríamos usar a raça para orientar se alguém vai receber um tratamento ou não", diz Sadiya Khan, cardiologista preventiva da Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, que presidiu o comitê de redação de declarações da associação.

A declaração foi publicada na sexta-feira (17) na Circulation, revista da organização. Uma calculadora online que usa o novo algoritmo, chamada Prevent, ainda está em desenvolvimento.

"A raça é uma construção social", pontua Khan, acrescentando que incluí-la como fator nas equações clínicas "pode causar danos significativos ao implicar que é um preditor biológico".

Isso não significa que os americanos negros não corram maior risco de morrer de doenças cardiovasculares do que os brancos, afirma ela. Sim, eles correm, e a expectativa de vida dos americanos negros também é menor, acrescenta.

Mas a raça tem sido usada em algoritmos como substituto para uma série de fatores que atuam contra os americanos negros, pontua Khan. Não está claro para os cientistas quais são todos esses riscos. Se fossem melhor compreendidos, "poderíamos abordá-los e trabalhar para modificá-los", diz ela.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.