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Segunda vacina contra a malária oferece alta proteção, mostra estudo

Teste feito em quatro países africanos indicou prevenção de 75% dos casos em crianças que receberam as três doses antes da temporada da doença

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Jennifer Rigby
Londres | Reuters

Uma vacina contra a malária desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo Instituto Serum da Índia preveniu cerca de 3/4 dos casos sintomáticos de malária em crianças pequenas no primeiro ano após a aplicação das doses, mostraram os resultados de uma grande pesquisa publicados na última quinta-feira (1º).

A vacina, que já foi aprovada para uso por reguladores em três países da África Ocidental e pela Organização Mundial da Saúde, é a segunda disponível. A primeira vacina foi lançada em Camarões no início deste ano e foi desenvolvida pela empresa farmacêutica GSK.

Enfermeira administra vacina contra malária em criança no Quênia - Baz Ratner/1º.jul.2022 - Reuters

Ambas as vacinas têm o potencial de fazer grandes avanços contra uma doença antiga transmitida por mosquitos que ainda mata mais de meio milhão de pessoas, principalmente crianças pequenas na África subsaariana, a cada ano. "Isso é o que estávamos esperando há décadas", disse Mary Hamel, chefe de implementação de vacinas contra a malária da OMS, em entrevista.

Ela disse que ter duas vacinas seguras e eficazes contra a malária era importante para atender à demanda. Os resultados do ensaio de estágio final para a vacina Oxford e Serum, conhecida como R21, foram publicados na revista médica The Lancet na quinta-feira.

Em uma pesquisa com 4.800 crianças em quatro países africanos, a vacina preveniu 75% dos casos de malária em crianças com idades entre 5 e 36 meses, em áreas onde as três doses iniciais foram administradas antes da temporada de pico da malária. Ela preveniu 68% dos casos em áreas onde a transmissão ocorre durante todo o ano.

Os pesquisadores disseram que a eficácia foi mantida com um reforço um ano depois, embora a proteção pareça diminuir ao longo do tempo. A pesquisa está em andamento. "É algo mais que podemos adicionar", disse Brian Greenwood, professor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, que trabalha nas vacinas há décadas. "Agora, o que é necessário é aprender como usar essas vacinas da melhor maneira", acrescentou, referindo-se à possível necessidade de reforços regulares, bem como à combinação das doses com medicamentos preventivos e ferramentas como redes mosquiteiras.

Ele e outros especialistas disseram que comparar as duas vacinas diretamente era difícil devido às muitas variáveis envolvidas nos ensaios, incluindo a idade das crianças vacinadas e o tempo em que foram estudadas, a cobertura de medicamentos preventivos administrados junto com as doses e os níveis de transmissão de malária em uma área, entre outros elementos.

Apesar das sugestões de que a R21 é única em sua proteção, quando as vacinas são comparadas nas mesmas condições, seu desempenho é semelhante, disseram os especialistas —uma conclusão endossada pela OMS.

A diferença chave é que a nova vacina R21 é mais barata, custando cerca de US$ 3 por dose, e mais facilmente disponível. Há apenas 18 milhões de doses da vacina da GSK disponíveis até 2026, mas 25 milhões de doses da R21 já foram produzidas pelo Serum para este ano, disse o CEO Adar Poonawalla à Reuters antes dos resultados.

A vacina também inclui um adjuvante, ou porção de reforço imunológico, feito pela Novavax. "Não há problema de capacidade, e forneceremos mais atualizações em três a quatro meses, à medida que mais países manifestarem demanda", disse ele em comunicado por email.

Alassane Dicko, que liderou o ensaio da R21 no Mali, disse que as vacinas devem ser implantadas o mais rápido possível. "O que precisamos fazer agora é levar as vacinas às crianças", disse ele.

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