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Enchentes no RS podem piorar situação da dengue no estado

Especialistas alertam para o risco do aumento de outras doenças infecciosas decorrentes de água contaminada

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São Paulo

O número de casos de dengue pode aumentar nas próximas semanas no Rio Grande do Sul devido aos alagamentos que atingem o estado há uma semana, segundo infectologistas ouvidos pela Folha nesta terça-feira (7).

O problema pode ocorrer após a água presente nas ruas das cidades baixar e ficar concentrada em algumas estruturas. O mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, deposita seus ovos à beira de água parada, os quais eclodem quando a temperatura está alta.

Paulo Behar, infectologista e professor da UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), explica, porém, que o possível aumento nos casos de dengue é uma preocupação secundária no momento. Segundo o médico, a combinação entre inundações e clima ameno prevista para os próximos dias no estado provavelmente retardará a proliferação do mosquito.

Voluntários formam corrente humana para receber botes com pessoas resgatadas em Porto Alegre (RS) - Anselmo Cunha/AFP

A água contaminada que está represada nas ruas pode causar outra série de doenças, como leptospirose, hepatite A, tétano, infecções de pele e gastroenterite, afirma.

"Há o risco de surto de leptospirose, uma doença que pode comprometer vários órgãos do corpo, como o rim, pulmão e sistema nervoso central. É uma enfermidade que pode ser muito grave. Sobre a dengue, no momento, talvez até diminuam um pouco os casos, mas em poucas semanas a situação pode piorar bastante", afirma o médico.

O especialista diz ainda que as águas que inundam as cidades representam riscos para a saúde, pois as enxurradas provocam a destruição da rede de encanamento de água e esgoto, misturando substâncias.

Behar recomenda que aqueles que moram em áreas que não estão inundadas revisem a carteira de vacinação para garantir que estão protegidos contra as doenças que podem ser prevenidas, como hepatites.

Raquel Stucchi, médica infectologista e consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), afirma que além das enfermidades que podem ser contraídas pelo contato com a água, a concentração de pessoas em abrigos aumenta a chance do risco de doenças respiratórias, como gripe e Covid-19

"Também existem as doenças que são transmitidas de pessoa para pessoa, como sarampo, caxumba e rubéola", diz.

A médica orienta a evitar contato com a água. Para isso, é indicado utilizar botas de cano alto feitas de plástico (tipo galocha) e luvas de limpeza para não tocarem na lama. A médica também recomenda o uso de desinfetante para limpar utensílios de cozinha antes de usar, e consumir apenas água potável.

"Ainda, não se deve consumir nada cru neste momento. A tendência é que a água que vem da torneira esteja barrenta e possa contaminar os alimentos. Por isso, é necessário cozinhar. Ao primeiro sinal de febre, dor no corpo, diarreia ou vômito, é essencial procurar assistência médica", diz Stucchi.

De acordo com a Defesa Civil, no Rio Grande do Sul, até esta terça-feira, foram registradas 90 mortes em razão dos temporais que atingem o estado. O boletim divulgado ainda aponta que há outros 4 óbitos sendo investigados. O estado registra 131 desaparecidos e 362 feridos.

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