Zé Roberto vê pouca renovação no vôlei e caminho árduo até Olimpíada

Técnico da seleção feminina espera superar dificuldades que virão até os Jogos de Tóquio

O técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães
O técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães - Leandro Martins/Mpix/CBV
Daniel E. de Castro
São Paulo

Lidar com os altos e baixos de um grupo em renovação será o maior desafio do técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, nos próximos anos.

Ao término do terceiro jogo da primeira etapa da Liga das Nações, realizada na última semana em Barueri (SP), o treinador comemorava a evolução da equipe nas vitórias sobre Japão e Sérvia após uma estreia decepcionante, com derrota para a Alemanha.

Nesta terça-feira (22), a seleção brasileira inicia na Turquia a segunda das cinco etapas da fase de classificação, contra as donas da casa, às 11h.

"O que me chamou a atenção no primeiro jogo, em que a gente jogou muito mal, é que a nossa atitude foi abaixo da crítica, muito ruim. Uma coisa é perder lutando, fazer tudo para tentar a vitória, mas a gente simplesmente não compareceu no jogo", afirma Zé Roberto à Folha.

O desempenho apático da estreia contrastou com o que o treinador mais havia elogiado no time vencedor do Grand Prix do ano passado: energia e espírito de luta. Segundo ele, esses atributos serão fundamentais para superar turbulências durante o ciclo olímpico até Tóquio-2020.

"São coisas que esse grupo não pode perder nunca. Eu espero que, apesar do caminho árduo, das dificuldades que vamos passar, de crises que vão acontecer, a gente consiga superar sempre", diz.

A preocupação de Zé Roberto é principalmente com a renovação das atletas brasileiras. Após a eliminação para a China nas quartas de final da Olimpíada do Rio-2016, as bicampeãs olímpicas (2008 e 2012) Fabiana e Sheilla se aposentaram da seleção.

Amanda ataca uma bola no jogo contra a Sérvia pela Liga das Nações
Amanda ataca uma bola no jogo contra a Sérvia pela Liga das Nações - William Lucas/Inovafoto/CBV

Campeã em Londres-2012, Fernanda Garay pediu neste ano para não ser convocada porque quer priorizar a família. Também medalhistas de ouro, Natália, Thaísa e Dani Lins estão inscritas na Liga das Nações, mas por questões físicas ainda não podem atuar.

Entre as apostas de Zé Roberto para serem as referências da equipe nos próximos anos estão a ponteira Gabi, 24, reserva em 2016, e a oposto Tandara, 29. Diante da Sérvia, a ponteira Amanda, 29, cara nova deste ciclo olímpico, se destacou.

Atualmente, Zé Roberto acumula o trabalho na seleção com suas funções no Hinode Barueri, clube onde é técnico e coordenador de um projeto que vai do time sub 15 ao adulto.

Como gestor, ele acompanha de perto as raízes da dificuldade para obter a renovação que tanto deseja ver na equipe brasileira.

 

"Estou fazendo das tripas coração para tentar manter a base, o time adulto, correndo atrás de patrocinadores, incentivo fiscal, é muito difícil. Hoje está mais complicado do que estava há dez anos", diz.

Apesar das dificuldades impostas sobretudo por razões econômicas, o técnico trata o projeto em Barueri como a concretização do desejo que possui de retribuir para o vôlei nacional o que obteve na carreira.

"É muito importante ter essas garotas para dar continuidade. Eu daqui a pouco vou embora, e o legado tem que ficar, seja na cidade em que eu vivo, seja no exemplo para outras cidades", afirma Zé Roberto.

TURQUIA x BRASIL
11h, em Ancara (Turquia)
Na TV: SporTV 2

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