Descrição de chapéu Copa do Mundo

Destaque belga já foi odiado no seu país e teve casa apedrejada

Pilar da equipe na Copa, Axel Witsel, 29, disputará semifinal contra a França

Witsel comemora vitória da Bélgica sobre o Brasil nas quartas de final da Copa
Witsel comemora vitória da Bélgica sobre o Brasil nas quartas de final da Copa - Jewel Samad/AFP
São Petersburgo

Axel Witsel, 29, é um dos pilares do meio de campo da Bélgica. Mas há 10 anos por pouco não deixou o futebol. Em seu próprio país, passou a sofrer ameaças de morte e viu a casa dos pais ser apedrejada por um lance em partida pelo Campeonato Belga.

Witsel, então com 19 anos e defendendo o Standard Liége, deu uma entrada que causou fratura na tíbia e fíbula do polonês Marcin Wasilewski, titular do Anderlecht, um dos maiores clubes da Bélgica. A torcida, então, passou a persegui-lo.

Dez anos depois, o jogador que tinha virado inimigo público em seu país hoje é reconhecido como um ídolo. Afinal, vem sendo um dos principais nomes da equipe sensação da Copa do Mundo, que venceu todas as cinco partidas realizadas até aqui, com 14 gols feitos.

Nas quartas, foi essencial na marcação pelo lado esquerdo do ataque do Brasil, justamente onde atua Neymar, naquela que é considerada pela imprensa belga como o principal triunfo da história do futebol local, o 2 a 1 em cima da seleção pentacampeã mundial.

"Para nós, foi a maior vitória do futebol belga. Fizemos história. O que fizemos agora é uma coisa incrível. Não realizamos nada ainda, estamos ainda pelo caminho, mas a Bélgica está uma loucura total", disse Witsel após a classificação à semifinal.

A vitória frente ao Brasil também foi uma espécie de vingança pessoal para o jogador. Em 2002, quando o Brasil bateu a Bélgica por 2 a 0, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, o atleta tinha apenas 13 anos e chorou a eliminação. Em 2014, ele deu entrevista sobre o fato.

“Fizemos um bom torneio e tínhamos uma boa seleção, mas fomos roubados contra o Brasil", afirmou Witsel, em solo brasileiro, durante o Mundial daquele ano.

Mas o volante, considerado o motorzinho do meio de campo da melhor geração belga da história, é mais do que um jogador de extrema importância tática.

Filho de pai martinicano, o jogador poderia ter optado por defender a seleção francesa. Escolheu defender o país onde nasceu, a Bélgica, onde também tem ligações com os clubes locais desde a infância.

Ele começou no futebol aos 7 anos, no RRC Vottem, e foi para o RCS Visé aos 9. Tudo isso antes de chegar ao Standard Liège. Os dois clubes também são de Liège, cidade onde o meia nasceu.

Fora das quatro linhas, Witsel ainda é considerado um dos atletas mais simpáticos do futebol, colecionando amigos por onde passa.

“Ele depositava muita confiança nessa seleção belga, falava que o Hazard é diferente, joga muito mesmo. Que a seleção jogava há muito tempo e que sentia que essa seleção ia dar trabalho na Copa e foi o que aconteceu”, disse o atacante brasileiro Júnior Moraes, atualmente no Shakthar Donetsk e que jogou com o belga no Tianjin Quanjian, da China.

Witsel fala português fluente, influência do tempo que defendeu o Benfica, entre 2011 e 2012. Nessa época, despontou para o futebol europeu de vez. Quase foi para o Real Madrid, mas acabou mesmo no Zenit por 40 milhões de euros (R$ 135 milhões).

Além de Júnior Moraes, Witsel tem amizade com outros brasileiros, como Alexandre Pato. Os dois ainda jogam juntos no Tianjin Quanjian.

“Foi uma surpresa muito grande pra mim. Não tinha nenhuma informação sobre ele e, logo que nos conhecemos, fizemos uma boa amizade. A gente se fala, conversa. Ele fala muito bem o português, apesar do sotaque português que ele tem. É uma amizade que tenho no futebol que quero levar para o resto da vida. É uma pessoa muito do bem”, disse o atacante, revelado nas categorias de base do Santos.

O jogador também tem algumas peculiaridades pessoais. Ele gosta tem o sonho de, um dia, ser piloto de avião quando se aposentar do futebol. Para isso, Witsel começou a fazer aulas de voo.

"Investi numa empresa de aviação, a LindSky. Eu tenho intenção de gerir a empresa, enquanto estudo para ser piloto", disse o atleta de 27 anos ao diário belga “Het Laatste Nieuws”, em janeiro de 2017.

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