Descrição de chapéu Copa do Mundo

Ídolos, técnicos de Inglaterra e Colômbia lutam contra fantasmas

Ingleses e colombianos se enfrentam nesta terça-feira pelas oitavas da Copa

Igor Gielow Fábio Aleixo
Moscou

Um duelo de times que sempre geram muita expectativa e quase invariavelmente não entregam o prometido oporá Colômbia a Inglaterra nesta terça (3), pelas oitavas de final da Copa

Estarão em campo dois técnicos ídolos de suas torcidas, mas com fantasmas distintos para enfrentar.

Neófito em Copas, 47 anos, o inglês Gareth Southgate carrega consigo um espectro nascido na noite de 26 de junho de 1996.

Em Wembley, ele integrava um dos melhores times ingleses desde os campeões mundiais de 1966. Ficou frente a frente com o goleiro da Alemanha. Chutou mal.

 

O erro custou a derrota na disputa de pênaltis da semifinal da Euro-96, disputada em casa e que acabou conquistada pelos arquirrivais germânicos.

Assim, comandar o que vem sendo considerada como a mais promissora geração de jogadores de seu país desde então traz o peso de um desafio pessoal.

Southgate quase não conseguiu. Quando a Inglaterra foi eliminada pela Islândia na Euro-2016, ele foi chamado para assumir o time. Não topou.

Três meses depois, o interino que aceitou foi defenestrado e a porta se abriu para Southgate. Aceitou, no fim de 2016 ganhou o contrato efetivo.

“Eu quase perdi a chance”, disse em entrevista coletiva. De tempos em tempos surge um time inglês com jeito de “agora vai”, mas o máximo atingido foi a semifinal de 1990.

O bom desempenho, de 60% de vitórias até a Copa, foi seguido por duas vitórias –uma delas inusualmente elástica, 6 a 1 sobre o Panamá.

Assim como nomes consagrados em clubes no seu país, como o ídolo do Manchester United Alex Ferguson, o nome de Southgate começou a ser cantado em estádios na Rússia.

O feito não o tornou imune a questionamentos. Sua insistência em manter no banco o capitão, estrela do time e artilheiro da Copa Harry Kane intriga até seus apoiadores.

A coisa chegou ao paroxismo no último jogo da primeira fase, quando poupou Kane e outros sete titulares.

O resultado foi uma cínica derrota por 1 a 0 que jogou o seu time na chave teoricamente mais fácil do mata-mata, com apenas a agora eliminada Espanha como campeã mundial no horizonte.

Southgate se defendeu. “Eu tenho de pensar no time como um todo. Não poderia perder jogadores”, disse. Pode ser, mas a implacável imprensa de seu país não concordou.

A resposta a isso e à presença do fantasma de 1996 será dada a partir das 15h, no Estádio Spartak, em Moscou. Kane e todo o time titular deverão estar em campo.

“Os caras têm a chance de escrever história”, disse o técnico em entrevista nesta segunda (2). O time não ganha um mata-mata desde 2006.

Ao lado de Southgate no gramado estará outro ídolo de torcida, José Pékerman, 68, o último dos cinco técnicos com nacionalidade argentina ainda no Mundial.

Jose Pékerman comanda treino da Colômbia em Moscou nesta segunda (2)
Jose Pékerman comanda treino da Colômbia em Moscou nesta segunda (2) - Maxim Shemetov/Reuters

O seu fantasma é outro: o de não morrer na praia com times badalados.

Pékerman um veterano de duas Copas. Em 2006, levou uma embalada Argentina às quartas de final, quando caiu nos pênaltis frente à anfitriã Alemanha.

Em 2014, repetiu a façanha com a Colômbia, equipe que treina desde 2012, derrotada pelo também dono da casa Brasil nas quartas.

Foi o melhor desempenho em Copas do time andino, que, desde a famosa previsão feita por Pelé de que seria campeão em 1994, sempre decepcionava.

Para avançar, Pékerman precisa contar com seu principal jogador, o atacante James Rodriguez, machucado no jogo contra Senegal na semana passada. Ele deverá jogar, mas não se sabe em que condição: “esperamos que ele jogue”, disse Pékerman.

O ânimo de Falcao, atacante que com 32 anos vive sua última chance de brilhar em Mundiais, também é central para as chances colombianas.

 
Apesar da aprovação, o técnico também enfrentou críticas nesta Copa devido ao papel de Pascual Lezcano, argentino que trabalha como seu agente e de jogadores colombianos.

Com o choque da derrota para o Japão na primeira partida do Mundial, Pékerman começou a ser questionado por sua relação obscura com Lazcano –ambos não falam sobre o tema.

“Quem escala o time?”, perguntou o diário El País, de Cali. As vitórias subsequentes abafaram o tema, mas uma eliminação nesta terça poderá ressuscitá-la.

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