Milionária, equipe de magnata da mídia domina a Volta da França

Com orçamento de mais de R$ 150 milhões, Sky é bancada pela empresa de Rupert Murdoch

Geraint Thomas, líder da Volta da França, lidera pelotão durante 18ª etapa
Geraint Thomas, líder da Volta da França, durante 18ª etapa - Marco Bertorello/AFP
Ricardo Ampudia
São Paulo

A Volta da França, uma das maiores competições do ciclismo mundial, sobe nesta sexta-feira (27) o Col du Tourmalet, montanha francesa que é sinônimo de dor e sofrimento para os ciclistas e pode definir o campeão da prova.

A edição deste ano assistiu a um embate entre dois britânicos, companheiros na poderosa equipe Sky.

O favorito Christopher Froome foi superado por Geraint Thomas, que assumiu a camisa amarela —usada pelo atleta que lidera a competição— na 11ª etapa e a detém até agora, 2min31s à frente do companheiro. Eles estão separados pelo holandês Tom Dumoulin, da Sunweb, na segunda posição, que tenta estragar a festa do time.

A Sky é uma das mais poderosas equipes do ciclismo mundial. Em 2016, declarou um orçamento de 31 milhões de libras (cerca de R$ 152 milhões). Fundada em 2010 e patrocinada pela gigante de mídia Sky, de Rupert Murdoch, tinha o plano de fazer o primeiro inglês campeão do Tour em cinco anos.

O empresário Rupert Murdoch
O empresário Rupert Murdoch - Mike Segar/Reuters

Fez em três. Bradley Wiggins venceu em 2013, com Christopher Froome de ciclista de apoio. É essa história que ele revisita cinco anos e quatro títulos depois.

Não sem alguma polêmica, uma tradição nas grandes voltas ciclísticas.

Froome foi pego no doping durante a Volta da Espanha, em setembro de 2017, por uma dose acima do permitido de remédio para a asma.

A partir daí, um processo de investigação aberto pela UCI (União Ciclística Internacional) colocou em xeque a sua participação na Volta da França e também sua carreira.

A organização francesa chegou a dizer que não deixaria que o inglês largasse até o fim do processo, para não “manchar a reputação da prova”. Cinco dias antes da largada, a UCI encerrou o caso e inocentou o ciclista.

Precaução demais não é bobagem. Um grande esquema de doping fez de Lance Armstrong sete vezes campeão da prova, de 1999 a 2005, na chamada década perdida, que ainda teve a cassação dos títulos de Floyd Landis, em 2006, e do espanhol Alberto Contador, em 2010, também por doping.

Para acrescentar mais emoção à polêmica da Sky, o italiano Gianni Moscon, outro ciclista da equipe, foi expulso da prova por socar um rival durante a 15ª etapa, em uma das provas mais televisionadas do mundo.

Poucos atletas podem ameaçar a colonização inglesa do Tour, além de Dumoulin. Uma heroica subida de montanha do colombiano Nairo Quintana poderia sagrá-lo o primeiro campeão sul-americano da Volta da França, mas a etapa de contrarrelógio no sábado (28) deve favorecer a Sky.

O orgulho nacional sai um pouco ferido dessa edição. No domingo (29), quando o Tour chegar à Champs-Elysées, mais uma vez o campeão não será francês. Desde 1985, com Bernard Hinault, um atleta do país não vence.

Para amenizar a decepção, Julian Alaphillipe deve subir ao pódio com a camisa de bolinhas vermelhas, destinada ao campeão das montanhas.

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