Conmebol adia decisão sobre punição ao Santos para dia do jogo de volta

Definição sobre placar do jogo de ida das oitavas da Libertadores sairá até as 13h

Jogador do Santos, Carlos Sanchéz, coloca mão na perna, em partida pela Libertadores na Argentina
Carlos Sánchez, atleta do Santos, durante partida na Argentina contra o Independiente, pela Libertadores - Juan Mabromata/AFP
Diego Garcia
São Paulo

​Menos de 24 horas antes de entrar em campo para enfrentar o Independiente (ARG), no Pacaembu, às 19h30, pelo duelo de volta das oitavas de final da Libertadores, o Santos não sabia que resultado precisaria para se classificar às quartas de final.

A partida de ida, na Argentina, terminou em empate por 0 a 0, mas o resultado poderia ser alterado pela Conmebol.

O clube brasileiro é acusado de ter escalado o meia Carlos Sánchez de forma irregular.

O atleta foi expulso em jogo da Copa Sul-Americana de 2015, quando defendia o River Plate e, pelas regras da Conmebol, precisaria cumprir suspensão no último dia 21.

Se o tribunal decidisse punir o Santos, o Independiente seria declarado vencedor do jogo de ida por 3 a 0.

A análise durou longas seis horas, e se estendeu durante toda a tarde desta segunda (27). A sessão ocorreu na sede da Conmebol, no Paraguai.  

Segundo a entidade, a decisão será anunciada até as 13h, pelo horário de Brasília.

O time argentino chegou no fim do dia ao Brasil.

Em caso de revés, o Santos precisaria ganhar por quatro gols de diferença nesta terça para se classificar às quartas de final da Copa Libertadores.

No âmbito jurídico, o clube ainda poderia acionar o Tribunal de Apelações, que atua como segunda instância na Conmebol, para tentar reverter a decisão da entidade. 

Se o resultado da ida for mantido, a equipe brasileira necessita apenas de uma vitória simples para avançar na competição continental.

Em sua defesa, o Santos alega que agiu de boa-fé no caso, da mesma forma que aconteceu com o River Plate e o meia Bruno Zuculini, exemplo dado pelo time brasileiro para manter o resultado de campo.

O argentino atuou de forma irregular em sete partidas da Libertadores deste ano. Ele estava suspenso por uma expulsão na Sul-Americana de 2013, quando estava no Racing. Quando o caso foi revelado, a

Conmebol afirmou que o River Plate não seria punido com perda de pontos.

A diferença para o caso do Santos é que o River consultou a entidade por escrito sobre a condição de jogo do atleta. A organizadora da Libertadores reconheceu um "erro administrativo" no caso e absolveu a equipe argentina.

O Santos não enviou ofício à Conmebol para saber se o jogador tinha alguma punição disciplinar antes de escalar Sánchez. Ao invés disso, acessou o sistema Comet, mantido pela própria confederação, e constatou que o uruguaio tinha condições de jogo. 

O software foi criado em 2016 e não registra punições anteriores a essa data. Na época, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi avisada pela Conmebol de que os clubes deveriam fazer consultas por escrito sobre as condições de jogo dos atletas.

O Santos não é o primeiro clube do futebol brasileiro a ter resultados de campo ameaçados pelo tribunal da Conmebol. No ano passado, a Chapecoense perdeu os pontos da vitória por 2 a 1 sobre o Lanús pela escalação irregular do zagueiro Luiz Otávio.

A decisão da entidade sul-americana eliminou a equipe brasileira do torneio e beneficiou o time argentino com vitória por 3 a 0 naquela partida. O time avançou na competição e só parou na final do torneio, quando perdeu o título para o Grêmio.

Enquanto esperava a decisão da Conmebol nesta segunda, o Santos sofreu uma derrota na Justiça de São Paulo que resultará em prejuízo financeiro para o clube.

O juiz Alexandre Bucci ordenou a penhora de 30% da renda líquida da partida contra o Independiente por uma dívida de R$ 8 milhões do Santos com o agente Giuliano Bertolucci. 

Todos os 37.900 ingressos colocados à venda para o jogo desta terça já estão vendidos de forma antecipada.

O magistrado também determinou a penhora de R$ 9.580.633,33 dos valores da venda do meia Felipe Anderson, que saiu da Lazio e foi ao West Ham por 40 milhões de euros (R$ 180 milhões) —pelo acordo firmado, o Santos tem direito a 25% da transação, mais 3% por ser o clube formador do atleta. 

Procurado pela Folha, o Santos informou que já foi notificado da decisão da Justiça paulista e mandou seu departamento jurídico a São Paulo para tentar desfazer a penhora dos valores.

O empresário cobra R$ 8,2 milhões do Santos por conta de um empréstimo de R$ 6.163.600 feito ao clube no ano passado, durante a gestão de Modesto Roma Júnior.

Bertolucci fez um contrato de mútuo com o time paulista no dia 3 de março de 2017.

Pelo acordo, o Santos deveria restituir o empresário até 31 de dezembro de 2017, já com correções monetárias e juros de 0,9% ao mês, além de multa de 10% em caso de inadimplência mais juros de 1% ao mês até o efetivo pagamento.

Como o clube não quitou a dívida, o empresário tentou um acordo com o novo presidente José Carlos Peres, mas o cartola não quis conversar. Assim, o agente foi à Justiça.

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