Ingresso de palmeirense chega a custar nove vezes o de são-paulino

Valor dos bilhetes dos clubes de São Paulo vai de R$ 20 a R$ 180

Torcida do Palmeiras
Torcida do Palmeiras no Allianz Parque, durante a partida contra o Botafogo nesta quarta-feira (22), pelo Campeonato Brasileiro - Ale Cabral/AGIF
Alexandre de Aquino Luciano Trindade
São Paulo | Agora

Corintianos, são-paulinos e palmeirenses pagam preços diferentes para ver seus times no estádio.

Levantamento da Folha mostra que o clube alviverde é o que costuma cobrar mais caro pelos ingressos dos jogos. O valor chegou a ser nove vezes o cobrado pelo São Paulo, que tem as entradas mais baratas. Já o Corinthians é o clube que mais varia o preço na temporada atual.

Em seus primeiros jogos na Libertadores, o Palmeiras chegou a cobrar o valor mínimo de R$ 180. Já o São Paulo costuma praticar preços que giram em torno de R$ 20.

O levantamento levou em consideração o valor do tíquete mais barato praticado pelas equipes em jogos do BrasileiroCopa do BrasilLibertadores e Sul-Americana.

Mesmo com ingressos mais baratos, o São Paulo tem média de público na temporada menor que seus rivais. O público médio no Morumbi é de 26.764 pagantes em 2018, representando uma taxa de ocupação de 39% do estádio. Isso também deixa a equipe atrás dos outros times grandes paulistanos em arrecadação, com cerca de R$ 15,8 milhões.

No Palmeiras, são seis faixas. O bilhete mais em conta, no Setor Gol Norte, em geral, custa R$ 100. Já o mais caro, na Central Oeste, R$ 260. Os valores sobem na Libertadores.

A política de ingressos mais caros, porém, não causa grande impacto na ocupação do estádio palmeirense. Com público médio de 30.262 torcedores por partida, o clube tem taxa de ocupação do estádio de 70%, maior que São Paulo e Corinthians. Além disso, é o que mais arrecada, com um total de R$ 45,8 milhões na temporada.

 

Já os ingressos mais baratos do jogo do Corinthians contra o Colo-Colo, em sua próxima partida pela Libertadores, por exemplo, vão custar R$ 54.

O clube alvinegro fica entre os rivais no ranking de público médio, com 29.491 torcedores por jogo, o que representa uma taxa de ocupação de 63% do Itaquerão, e de arrecadação com bilheteria, totalizando R$ 36,8 milhões nesta temporada.

Os clubes dão argumentos diferentes para justificar os preços dos bilhetes, mas há variáveis em comum: a importância do jogo, o dia e o horário da partida, além do momento na temporada.

Corinthians e Palmeiras também justificam os valores mais altos dizendo oferecer serviço diferenciado em suas novas arenas, ambas inauguradas em 2014, com atrações que vão além do jogo.

O clube alviverde, por exemplo, organiza ações para entreter crianças e adultos, como a possibilidade de tentar marcar um gol do meio de campo antes dos jogos. A arena ainda possui restaurante japonês e espaços para jogos de salão.

Em Itaquera, o estádio alvinegro possui espaço para pequenos shows realizados antes de alguns jogos e uma loja oficial do clube. Também há brincadeiras no gramado.

Líder do Campeonato Brasileiro, o São Paulo diz estudar os borderôs dos últimos quatro anos e meio para entender como funcionam as questões de ocupação de seu estádio, inaugurado em 1960 e finalizado na década seguinte.

Com capacidade de 67 mil lugares, o clube admite que o seu palco é defasado em relação aos dos rivais. Porém, diz que pode praticar preços mais acessíveis por possuir um estádio com maior capacidade do que os de Corinthians (48 mil) e Palmeiras (43 mil).

A equipe tricolor, que teve bilhetes a R$ 20 no início do Brasileiro, terá contra o Ceará, no domingo (26), seu ingresso mais barato, para arquibancadas laranja e amarela, por R$ 35. O mais caro sai por R$ 200. No total, existem nove faixas de preço.

Até julho, a equipe do Parque São Jorge tinha uma política de preços fixos por competição, mas desde o mês passado o clube passou a mudar o valor das entradas dependendo do apelo da partida.

Pela nova precificação, o ingresso para jogo contra um time que está na zona de rebaixamento do Brasileiro em um sábado à noite, por exemplo, é mais barato que o de um clássico em um domingo à tarde.

O clube só conseguiu essa flexibilidade no fim do ano passado, quando modificou parte do seu acordo com a Caixa e o fundo que administra a arena. Isso deu mais autonomia para a diretoria definir quanto quer cobrar pelos bilhetes.

As mudanças, porém, só começaram a ser sentidas pelos torcedores após a Copa do Mundo. Antes de colocar o modelo em prática, o clube idealizou novo planejamento financeiro, que foi implantado, aos poucos, a partir de maio.

“Até a Copa, valia a política da gestão anterior, enquanto analisávamos a melhoria. Começamos a nossa, ainda de forma experimental”, diz Luís Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians.

Até o fim do ano, o time alvinegro passará a contar com um software desenvolvido em parceria com o ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica), para calcular as variáveis e precificar o ingresso e fazer uma projeção de público.

“O que antes a gente definia de forma empírica, agora será científico. Além de determinar o valor do ingresso de acordo com o jogo, o clima, o dia e horário, também será possível prever estimativa de público de acordo com o preço do bilhete”, diz Rosenberg.

No ano passado, o Palmeiras faturou R$ 74 milhões só com venda de bilhetes, enquanto o São Paulo ganhou R$ 26,9 milhões. Por não ficar com a arrecadação da bilheteria, que vai direto para um fundo para pagar seu estádio, o Corinthians não divulgou o valor arrecadado em 2017 em seu balanço.

Outra fonte de renda relacionada aos ingressos são os programas de sócio-torcedor. O time alviverde arrecadou, em 2017, R$ 47 milhões dessa forma. O São Paulo ficou com R$ 10,7 milhões. O Corinthians divulga o valor arrecadado no Fiel Torcedor junto com premiações e loterias, o que rendeu R$ 35 milhões.

 
Erramos: o texto foi alterado

O setor com os ingressos mais caros do estádio do Palmeiras é o Central Oeste, e não o Central Leste  

 

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