O porta-voz do Barcelona, Josep Vives, afirmou nesta terça-feira (16) que o clube catalão vai "acompanhar com atenção" os desdobramentos do apoio do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência.
Ronaldinho, que é embaixador do Barcelona, publicou nas redes sociais, antes do primeiro turno das eleições, uma imagem de costas, usando camisa da seleção com o número 17, o mesmo do partido de Bolsonaro, e o seguinte texto:
"Por um Brasil melhor, desejo paz, segurança e alguém que nos devolva a alegria. Eu escolhi viver no Brasil e quero um Brasil melhor para todos".
"Defendemos valores democráticos que não coincidem com o discurso [de Bolsonaro] e não compactuamos com suas ideias", disse o porta-voz.
Ronaldinho Gaúcho é considerado um dos maiores jogadores da história do Barcelona, onde atuou de 2003 a 2008 e venceu a Champions League de 2006. Como embaixador do clube, ele participa de eventos e joga amistosos do elenco de "lendas" da equipe catalã. Para isso, recebe uma remuneração.
De acordo com o diário espanhol Sport, o Barcelona deseja se afastar de Ronaldinho para não ser associado ao apoio do ex-jogador a Bolsonaro. A intenção é a partir de agora diminuir a presença do brasileiro em eventos institucionais, sejam de patrocinadores ou partidas das "lendas".
Outro ex-jogador do time que participa de eventos, Rivaldo também declarou apoio a Bolsonaro nas redes sociais.
Apesar de salientar as restrições políticas, Vives afirma que Ronaldinho mudou a história do Barcelona e merece "todo respeito às suas ideias e liberdade de expressão."
A Folha tentou entrar em contato com Roberto de Assis Moreira, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, mas as chamadas para o seu celular caíram na caixa postal.
Outros jogadores de futebol já demonstraram apoio ao candidato do PSL, como os corintianos Jadson e Roger, além de Lucas, do Tottenham (ING). Em setembro, o palmeirense Felipe Melo dedicou a Bolsonaro um gol marcado em jogo do Brasileiro.
A Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) disse que poderia pedir uma punição para o atleta, apesar de não haver proibição explícita desse tipo de manifestação no código de justiça desportiva. Até o momento não houve denúncia.
O Barcelona foi patrocinado pela Qatar Airways, empresa aérea controlada pela família real do Qatar, do início da temporada 2013/2014 ao fim da temporada 2016/2017. Sede da Copa-2022, o país é uma monarquia absolutista dominada pela família Al Thani desde o século 19. Apenas neste ano foi abolida a kafala, lei que restringia a liberdade do imigrante de trocar de emprego.
Em 2016, a Anistia Internacional denunciou abusos sistemáticos e trabalho forçado nos estádios do Mundial. Segundo a ONG Repórter sem Fronteiras, o país é o 123º no ranking mundial da liberdade de imprensa. Procurado, o Barcelona não se pronunciou sobre o assunto.
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