Conselheiros afastam José Carlos Peres da presidência do Santos

Orlando Rollo assume o comando do clube até a realização de assembleia de sócios

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São Paulo

José Carlos Peres foi afastado da presidência do Santos na noite desta segunda-feira (28). Em reunião virtual do conselho deliberativo do clube, foi aprovado relatório da comissão de inquérito e sindicância que recomenda a saída do presidente e de todo o comitê gestor da agremiação.

A exceção é o vice-presidente Orlando Rollo, que assume o comando santista. O entendimento da comissão foi que ele, licenciado da gestão Peres desde 2018, não teve participação na administração.

Peres foi afastado sob acusação de irregularidades nas contas do clube em 2019. O resultado financeiro da agremiação já havia sido reprovado pelo conselho deliberativo e pela comissão fiscal.

O presidente do Santos, José Carlos Peres, em entrevista no início de 2020
O presidente do Santos, José Carlos Peres, em entrevista no início de 2020 - Pedro Ernesto Guerra Azevedo- 20.jan.20/Santos FC

Esta última apontou irregularidades nas demonstrações financeiras referentes ao ano passado, como pagamento de comissões não devidas nas transferências de jogadores, uso do cartão corporativo do clube para compras pessoais e diferenças entre orçamento e gastos efetivos. Peres não apresentou defesa na reunião desta segunda.

No total, 161 conselheiros aprovaram o parecer da comissão de inquérito pelo afastamento de Peres. Seis foram contra e nove votaram em branco.

A partir desta terça (29), o presidente do conselho deliberativo, Marcelo Teixeira, terá 60 dias para marcar uma assembleia de sócios para votar pela aprovação ou não do impeachment.

Se isso não acontecer ao final desse prazo, Peres poderá voltar ao cargo, mas por pouco tempo. A eleição presidencial no Santos deverá acontecer no início de dezembro, embora ainda não tenha sido definida uma data. Ele não será candidato à reeleição.

Esta é a segunda vez que o presidente sofre afastamento em votação do conselho deliberativo. Em setembro de 2018, a assembleia de sócios rechaçou o impeachment, e Peres voltou a mandar no Santos.

Na época, ele foi acusado ser dono da Saga Talent, empresa de agenciamento de jogadores, ao mesmo tempo em que já ocupava o cargo de mandatário, o que é proibido pelo estatuto. Em sua defesa, o dirigente alegou que a companhia existia apenas no papel, nunca emitiu uma nota fiscal e havia sido fechada.

Eleito em dezembro de 2017 sob a bandeira da união de diferentes correntes políticas do clube, ele não cumpriu a promessa. Na prática, o clube vive guerra política desde então. Adversários e ex-aliados o acusam de ser centralizador, de tomar todas as decisões sozinho e voltar atrás em acordos já sacramentados. Com o tempo, a oposição a ele foi crescendo.

Também não ajudou sua base política usar a palavra “puxadinho” para se referir à Vila Belmiro e falar sobre “pensamento provinciano” do clube.

Um dos nomes mais importantes de sua administração era Renato Duprat, empresário que participou do grupo Doyen e foi patrocinador do Santos na década de 1990. Ele sempre negou que Duprat tivesse qualquer influência, mas sua presença na gestão irritou conselheiros.

Dos presidentes que o Santos teve nesta década antes de Peres, dois foram expulsos do quadro associativo por supostas irregularidades na presidência (Odílio Rodrigues Filho e Modesto Roma Filho) e um renunciou ao cargo (Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro).

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