Descrição de chapéu Tóquio 2020

Com pandemia, templo mais antigo de Tóquio barra visita, mas mantém 'papelzinho da sorte'

Quem passa por local nem faz ideia de que Olimpíadas estão ocorrendo na cidade

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Tóquio

Em tempos de pandemia de Covid-19, o “omikuji” localizado no templo budista Sensoji, o mais antigo e tradicional de Tóquio, é uma tentativa de os japoneses acreditarem, a depender da sorte tirada, que toda essa tempestade sanitária um dia vai acabar. A visita ao local, uma das principais atrações turísticas da anfitriã das Olimpíadas, está vetada desde o ano passado devido ao coronavírus.

Construído na área de Asakusa, recebe por ano cerca de 30 milhões de pessoas, de acordo com as autoridades locais. É parada obrigatória para quem visita Tóquio. O “omikuji”, tradição dos templos no Japão, algo como "loteria sagrada", é um papelzinho da sorte.

Por 100 ienes (R$ 5), o visitante segue um rito: coloca a moeda, depois balança uma lata e retira uma das varetas de dentro. Com o número escrito nele, busca a referida gaveta e retira o primeiro papel disponível.

O templo de Sensoji em Tóquio - Philip Fong/AFP

Se a mensagem for positiva, guarda-se no bolso. Se negativa, é só amarrá-la em uma das balizas do local com o objetivo de deixá-la para trás. Os irmãos Koki Sato, 24, e Honoka Sato, 20, saíram de Osaka para visitar Tóquio nesta quarta-feira (28). Koki comemorou e levou o papelzinho para casa, enquanto Honoka teve de amarrar a mensagem para esquecê-la de vez.

Quem passa por ali nem faz ideia de que um evento esportivo como as Olimpíadas ocorre na cidade desde semana passada. A maioria dos japoneses não queria os Jogos, mas a “bolha olímpica” criada para separar as competições da população, proibida de assisti-las nas arenas, contribui para esse cenário.

Na região do templo, apenas uma lojinha oferece, e ainda assim discretamente, camisetas oficiais das Olimpíadas. O que se via ali eram excursões de estudantes, além de casais e mulheres de quimonos com ventiladores mini-portáteis para suportar a alta temperatura do verão local nessa época do ano.

A charmosa rua Nakamise, uma das mais antigas da cidade e onde fica o Sensoji, abriga 90 lojinhas em um corredor de 250 metros. Vende-se de tudo: quimono, sandálias, souvenirs, cremes e hashis.

Sem o turismo estrangeiro, e com sua principal atração, em homenagem à deusa Kannon, fechada, o templo busca de alguma maneira atrair a visita de japoneses em meio ao estado de emergência imposto a Tóquio e a recordes de casos diários. A pandemia já custou empregos nas áreas de alimentação e viagens, e as vagas informais foram as mais afetadas —cerca de 750 mil desde o ano passado.

Nesta quarta-feira, mais de 3.000 casos de Covid foram registrados em 24 horas, algo que assusta as autoridades. Ao todo, a doença já matou 15,1 mil pessoas no país e infectou oficialmente 883 mil.

Mesmo sob estado de emergência, Tóquio mantém uma certa rotina. Metrôs estão cheios, e estabelecimentos funcionam normalmente. Gerente de uma loja de souvenirs na Nakamise, Yasuhiro Hiruta conta que foi enorme o impacto econômico do coronavírus para quem depende de negócios na área do templo mais famoso do Japão. Ao saber que a reportagem era de um jornal brasileiro, ficou eufórico, chamando de “maravilhosa” a skatista Rayssa Leal, 13, medalha de prata em Tóquio.

Das mesmas dificuldades econômicas reclamam os vendedores de ningoyaki, famoso docinho japonês assado na hora, com forminhas de desenho e recheados com pasta de feijão. Ali, uma unidade sai por 60 ienes (R$ 3) e 5 por 200 (R$ 9). A região do Sensoji oferece muitas outras opções gastronômicas, desde comida tradicional local, como um prato com 12 peças de sushi por 2.100 ienes (R$ 98), a massas.

Na porta dos restaurantes, réplicas buscam dar uma noção aos clientes, em especial os que não falam japonês, do que pode aparecer à mesa. Na maioria das lojas localizadas nas vielas que cercam a Nakamise, o item de sucesso, porém, não são as iguarias japonesas. Nos comércios, um produto reina nas prateleiras: máscaras. De todas as opções e cores.

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