Descrição de chapéu Tóquio 2020

Músico que tocaria na abertura dos Jogos renuncia após admitir bullying

Keigo Oyamada, que revelou abusos na juventude, gerou críticas em redes sociais

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São Paulo

O músico japonês Keigo Oyamada, 52, conhecido pelo nome artístico Cornelius, anunciou que deixará de fazer parte da equipe de criação da cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio.

A desistência acontece dias depois de uma polêmica antiga ser resgatada. Na década de 1990, o músico admitiu, em entrevista, ter praticado bullying contra crianças com deficiência. "Sinceramente, sinto que tais atos e linguagem devem ser criticados", disse Oyamada, acrescentando que se sente culpado há muito tempo e espera entrar em contato com quem intimidou para pedir desculpas pessoalmente.

Oyamada, que iria compor algumas das canções da cerimônia de abertura, já havia se desculpado anteriormente. Ele afirmou que "hoje se dedica a atividades criativas com um alto senso de moralidade".

Keigo Oyamada, conhecido como Cornelius, que admitiu ter praticado bullying na infância. A foto mostra o músico de perfil ajeitando o cabelo
O músico Keigo Oyamada, conhecido como Cornelius, que admitiu ter praticado bullying na infância - Joi Ito

O ressurgimento da história gerou muitos protestos nas redes sociais, com pedidos para que ele desistisse de participar da equipe de criação da festa de abertura.

"Como uma pessoa que cometeu tais atos discriminatórios e violentos pode ser considerada qualificada para trabalhar nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos?", questionou um usuário do Twitter.

As entrevistas foram publicadas nas revistas Rockin'On Japan, em janeiro de 1994, e Quick Japan, em agosto de 1995. Nelas, Oyamada afirmava que havia intimidado colegas de classe com deficiência durante a infância —e "sem arrependimento".

Apesar de reconhecer que as ações do compositor foram "inadequadas", os organizadores dos Jogos disseram que não retirariam sua música da cerimônia de abertura. "Considerando o momento, espero que ele continue a contribuir", afirmou Toshiro Muto, CEO da Olimpíada de Tóquio-2020, no último sábado (17).

A história, porém, revoltou o governo japonês. "Intimidação e abuso são atos que não devem acontecer e são totalmente intoleráveis, independentemente de a pessoa ser portadora de deficiência ou não", criticou Katsunobu Kato, porta-voz do governo do Japão.

"Gostaríamos de entregar firmemente o espírito 'sem barreiras' para a promoção de uma sociedade inclusiva", acrescentou Kato, referindo-se aos Jogos Paraolímpicos, que começam em 24 de agosto.

Até mesmo o editor-chefe da Rockin'On Japan, que veiculou uma das entrevistas com Oyamada, pediu desculpas por ter dado voz ao abuso. "Foi a coisa errada a fazer do ponto de vista moral. Quero fazer um profundo pedido de desculpas a todas as vítimas e às suas famílias, bem como àqueles que se sentiram ofendidos ao ler essa história", afirmou o jornalista Yoichiro Yamazaki.

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