Descrição de chapéu Tóquio 2020 COB

Time Brasil mostra que leva pandemia a sério e destoa do governo Bolsonaro

Com 4 pessoas na cerimônia de abertura em Tóquio, brasileiros se diferenciaram das demais delegações

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Tóquio

O Brasil protagonizou um momento inédito nesta sexta-feira (23) em Tóquio ao enviar ao mundo pela primeira vez a mensagem de que leva a pandemia a sério.

Longe de Jair Bolsonaro, que vem negando a crise sanitária da Covid-19 há um ano e quatro meses, a delegação brasileira no Japão colocou quatro pessoas na cerimônia de abertura das Olimpíadas, sob a justificativa de que o deslocamento até o local da festa poderia expor desnecessariamente os esportistas.

Delegação do Brasil em Tóquio desfilou com quatro pessoas, dois porta-bandeiras e dois membros do COB
Delegação do Brasil em Tóquio desfilou com quatro pessoas, dois porta-bandeiras e dois membros do COB - Jonne Roriz/COB

No Estádio Olímpico, a judoca Ketleyn Quadros e o jogador de vôlei Bruninho, os porta-bandeiras do país, tiveram a companhia do chefe da missão e vice-presidente do COB, Marco La Porta, e de Joyce Ardies, representante dos colaboradores do comitê e responsável pelo contato com a organização.

A decisão levou a um contraste, já que a maioria dos países contou com número considerável de representantes no desfile no Estádio Olímpico, algumas causando até aglomerações. O uso de máscara, por outro lado, foi seguido pela maior parte dos presentes no local.

A participação brasileira contrastou também com a imagem que o governo Bolsonaro projeta desde o início da pandemia. Em um de seus discursos mais emblemáticos, o presidente chamou o vírus de gripezinha, e uma CPI investiga se houve omissão do Planalto na compra de vacinas.

João Roma, ministro da Cidadania, pasta à qual a secretaria especial de Esporte é vinculada, acompanhou o evento na tribuna de honra, ao lado de outros líderes estrangeiros. Além do representante brasileiro, compareceram à festa a primeira-dama dos EUA, Jill Biden, e o presidente da França, Emmanuel Macron.

“A decisão foi tomada levando-se em consideração a segurança dos atletas brasileiros em cenário de pandemia, minimizando riscos de contaminação e contato próximo, zelando assim pela saúde de todos os integrantes do Time Brasil”, afirmou o COB, em nota, na quinta-feira.

Ainda durante a cerimônia, a entidade publicou no Twitter mensagem na qual afirma que "o momento pede precaução". "Adoraríamos entrar com centenas de pessoas neste estádio, [mas] saúde em primeiro lugar".

Logo após o desfile, os quatro representantes voltaram à Vila Olímpica.

À Folha La Porta, chefe de missão no Japão, criticou a condução do governo na pandemia e disse ter ficado preocupado com a possibilidade de o time sofrer discriminação, o que, segundo ele, não ocorreu.

O COI (Comitê Olímpico Internacional), por sua vez, recomendou que pelo menos 20 pessoas de cada país estivessem presentes no evento de inauguração, mas não fez nenhuma imposição.

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