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Futebol Internacional

Messi começou a sair do Barcelona no momento do adeus de Neymar

Despedida do brasileiro desorganizou planos do clube e desencadeou processo de transição

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São Paulo

A relação entre a estrela argentina Lionel Messi e o FC Barcelona tem obviamente um lugar de destaque na história do futebol. Ela simbolizava, pelo menos até hoje, um dos elementos mais importantes do esporte: a devoção de um jogador ao seu clube. Messi é uma individualidade excepcional e, ao mesmo tempo, o produto de um processo coletivo.

A mítica escola de formação da La Masia foi essencial para o seu desenvolvimento. De Piqué a Busquets, passando por Pedro, toda uma geração de jogadores foi treinada para potencializar o talento de Messi. Na triunfal vitória na Champions de 2015, o Barcelona parecia ter encontrado a fórmula para dominar a Europa por anos, senão décadas.

Ídolo histórico do Barcelona, Messi teve sua saída do clube oficializada em um comunicado de banalidade assustadora - Lluis Gene/AFP

Jogadores podem vestir uma camisa e um número durante toda a carreira e acabar se retirando num clima de relativa indiferença. O Real Madrid, grande rival do Barcelona, é especialista em organizar despedidas pela porta pequena. Seu ícone Raul, talvez o mais comparável a Messi, quase não teve um jogo de homenagem. O clube insiste em esmagar as individualidades para manter a sua grandeza.

Todos esperavam o contrário da saída de Messi. No Barcelona, terra orgulhosa dos seus filhos, onde o afeto continua a predominar sobre o pragmatismo, Messi seria celebrado como o maior expoente de uma geração de ouro que, um dia, assumiria o comando do clube.

Nada disso aconteceu. A separação entre o craque e o clube foi anunciada num comunicado de uma banalidade assustadora, com uma conversa genérica sobre negociações salariais. Ele joga luz em todo o processo interno de transição da era Messi, que o Barcelona desencadeou há anos, mas, para o desespero dos seus torcedores, nunca conseguiu terminar.

Cabe destacar a importância de Neymar. Em 2015, o Barcelona parecia ter o seu futuro garantido. A recém-criada trinca MSN –Messi, Suárez e Neymar– obra do genial diretor esportivo Andoni Zubizarreta, já era um dos melhores ataques da história e o brasileiro era visto como o sucessor natural do argentino. A sua saída inesperada desorganizou os planos do clube.

Formador de excelência, o Barcelona também pode ser um péssimo comprador. Os diretores esportivos que substituíram Zubizarreta decidiram lidar com a saída de Neymar promovendo uma revolução no plantel. Num espaço de poucos anos, eles conseguiram arruinar as extraordinárias finanças do clube, o mais rentável do mundo, queimando milhões de euros em jogadores que fracassaram pelas mais diversas razões.

Philippe Coutinho entrou como o sucessor de Neymar e saiu pelo time reserva. Ousmane Dembélé encantou os torcedores, mas a sua disciplina individual se revelou incompatível com o esporte de alto nível. A cada investimento perdido, o Barcelona perdia também força para manter o seu maior jogador. De certo modo, o ciclo da despedida de Lionel Messi começa com a partida de Neymar.

Os românticos do futebol vão passar os próximos dias angustiados. Messi pode acabar em todos os continentes, mas o PSG, controlado pela família real do Qatar, surge como o seu destino mais provável. A um ano da Copa do Mundo em seu país, os catarianos dificilmente deixarão passar a oportunidade de reeditar a parceria histórica do Barcelona, desta vez com Mbappé no lugar de Suárez.

Paris parece o destino mais provável do craque argentino - Gonzalo Fuentes - 10.mar.21/Reuters

Mas a contratação de Messi pelo PSG também seria a prova de um conceito: no futebol moderno, tudo tem um preço, até um jogador que um clube entregou a sua alma para formar.

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