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Doria diz contrariar Bolsonaro ao realizar GP de São Paulo de F1

Corrida na capital paulista é tida como vitória do governador sobre presidente

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São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não perdeu a chance de provocar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seu desafeto, com a realização do GP de São Paulo de F1, neste final de semana em Interlagos.

O político concedeu entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e de Alan Adler, responsável pela organização da corrida na capital paulista.

"Temos mais dez anos de Grande Prêmio de São Paulo. Lá atrás eu disse que não perderíamos a F1, o Bruno Covas [prefeito morto em maio deste ano] era vivo e estava sempre ao meu lado. Contrariei o presidente da República, e a F1 estará em São Paulo", afirmou Doria durante coletiva na tarde desta quarta (10).

A cidade de São Paulo tentava estender o vínculo com a categoria desde 2018 –o contrato anterior era válido até 2020–, enquanto Bolsonaro articulava, inclusive com a assinatura de um termo de cooperação, para levar o evento ao Rio de Janeiro. Em junho de 2019, o presidente chegou a dizer que o GP tinha "99% de chance" ser realizado na capital fluminense.

Segundo Doria, o impacto financeiro da F1 será de R$ 810 milhões e gerará 8.500 empregos temporários na cidade de São Paulo.

"A expectativa é ainda superior, e os dados serão auditados pela Fundação Getúlio Vargas", afirmou Doria. "O Grande Prêmio durante o feriado aumenta a geração de receitas. Todos os ingressos foram vendidos antecipadamente, desses, 77% para residentes fora de São Paulo, o que faz o evento ainda mais importante para nossa economia."

João Doria caminha pelo autódromo de Interlagos durante o GP de 2019 - Eduardo Knapp - 17.nov.2019/Folhapress

São esperadas mais de 170 mil pessoas ao longo dos três dias de evento. Entre as novidades deste ano, haverá no sábado (13), às 16h30, a realização da sprint race, uma corrida mais curta, com 24 voltas e duração de 30 minutos, que definirá o grid de largada.

Já a prova, no domingo, terá largada às 14h –71 voltas. O holandês Max Verstappen, da Red Bull, defende a liderança do Mundial diante do heptacampeão Lewis Hamilton, da Mercedes, em uma temporada repleta de emoção. Verstappen contabiliza 312,5 pontos, e Hamilton, 293,5.

Doria garantiu que haverá reforço do policiamento nas áreas de compras e lazer próximas ao autódromo, na zona sul da capital paulista.

Cerca de 5.000 policiais militares serão destacados para os arredores de Interlagos de sexta (12) a domingo, além de parte do efetivo da Polícia Civil e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). "São 1.900 viaturas, 50 cães, 250 cavalos, 40 drones e 3 helicópteros especificamente para vigilância do autódromo", diz o general João Camilo Pires de Campos, secretário da Segurança Pública (SSP).

A realização do evento em São Paulo, como a Folha mostrou nesta terça, é considerado um trunfo pela gestão Doria. Casa da F1 desde 1990, Interlagos sofreu com a concorrência do Rio de Janeiro na hora de renovar o contrato com a FOM (Formula One Management), braço comercial da categoria.

O contrato anterior foi assinado em 2014, válido até o final de 2020. Neste último ano, em decorrência da pandemia de Covid-19, a corrida foi cancelada no Brasil.

Pela F1 na capital fluminense, o consórcio Rio Motorsports fez proposta à FOM para pagar US$ 65 milhões (R$ 360 milhões) –sendo US$ 35 milhões (R$ 194 milhões) pela taxa da prova no Rio de Janeiro e US$ 30 milhões (R$ 166 milhões) para adquirir os direitos de transmissão da F1 no Brasil.

O consórcio, que havia vencido licitação para construção e operação por 35 anos de um autódromo na região de Deodoro, no Rio, não conseguiu aprovação do estudo de impacto ambiental (EIA) para poder dar início à construção do autódromo.

O acordo atual contempla as temporadas de 2021 a 2025 –e é prorrogável por mais cinco anos–, e São Paulo deverá pagar US$ 25 milhões (R$ 138 milhões) anualmente. Desse montante, a Prefeitura é responsável por US$ 15 milhões (R$ 83 milhões), e o governo estadual arcará com os outros US$ 10 milhões (R$ 55 milhões).

Em contrapartida ao pagamento da taxa, a Prefeitura de São Paulo ganhou espaço para publicidade na corrida e repassou quatro cotas à gestão Doria, no valor estimado de R$ 8 milhões cada uma.

Nesta quarta, Vinicius Lummertz, secretário de Turismo do estado, disse que o estado paulista negociou três cotas, no total de R$ 18 milhões, para grupos empresariais.

A prefeitura também repassará R$ 20 milhões anuais à MC Brazil Motorsport Holding, que se compromete com a montagem da estrutura e organização do evento na capital paulista.

Além da taxa paga à FOM, a prefeitura repassará à MC Brazil Motorsport Holding, que assumiu o papel que era da Interpub, R$ 100 milhões (R$ 20 milhões por cinco anos). A empresa ficará responsável pela montagem de toda a estrutura do evento e a sua organização. O município garante que fez um bom negócio. Somente esses gastos eram de, pelo menos, R$ 40 milhões por etapa.

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