Descrição de chapéu Financial Times Futebol Internacional

Os bilionários quase desconhecidos por trás da aquisição do Chelsea

A discreta empresa especializada em aquisições que está apoiando a oferta de Todd Boehly pelo clube

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Financial Times

Os negócios estão florescendo no setor americano de capital privado. A tal ponto que, quando um clube de futebol famoso internacionalmente é colocado à venda, há uma boa probabilidade de que termine adquirido por negociadores bilionários cujos nomes são praticamente desconhecidos, a não ser pelos mais antenados dos observadores de Wall Street.

É esse o caso com relação à venda do Chelsea Football Club por mais de 4,25 bilhões de libras (R$ 26,4 bilhões) a um grupo de investidores apoiados pela Clearlake Capital, de Santa Monica, Califórnia –uma das companhias menos conhecidas, mas de crescimento mais rápido, no setor de capital privado.

Todd Boehly, o americano líder do consórcio que comprou o Chelsea
Todd Boehly, o americano líder do consórcio que comprou o Chelsea - Patrick T.Fallon-19.out.21/AFP

Os dois fundadores da empresa –José Feliciano e Behdad Eghbali– estão apoiando seu amigo Todd Boehly, o bilionário fundador da Eldridge Industries, o bilionário suíço Hansjörg Wyss, o presidente da Guggenheim Partners Mark Walter e o membro conservador da Câmara dos Lordes britânica (e colunista do jornal The Times) Daniel Finkelstein, e oferecem o poder de fogo financeiro necessário a apoiar sua oferta de 4,25 bilhões de libras pelo clube.

A Clearlake não só está financiando 60% da aquisição como Feliciano e Eghbali estão usando dinheiro pessoal em uma oferta paralela pelo Denver Broncos, um time de futebol americano. A venda pode atingir um valor ainda mais alto.

As duas potenciais transações são as mais importantes para uma empresa que se transformou discretamente em uma das mais ativas compradoras de companhias de porte médio nos Estados Unidos, reporta Antoine Gara, do Due Diligence.

O ritmo de negócios novos que a Clearlake vem mantendo é bancado por US$ 25 bilhões (R$ 126 bilhões) em dinheiro novo obtidos pela empresa nos últimos 12 meses, o que eleva seus ativos totais a mais de US$ 75 bilhões.

Lançada em 2006 por Feliciano, nascido em Bayamón, Porto Rico, e Eghbali, que emigrou do Irã para a região de Los Angeles em 1986, a Clearlake tem por foco empresas especializadas mas altamente lucrativas nos ramos de bens de consumo, indústria e tecnologia, que ela desenvolve por meio de aquisições financiadas por dívida.

Com essas aquisições especializadas, os principais fundos da Clearlake, constituídos entre 2013 e 2018, conquistaram retornos líquidos de entre 34% e 56%, de acordo com dados fornecidos por fundos públicos de pensões.

Ainda que suas transações sejam especializadas, a Clearlake aperfeiçoou uma tática cada vez mais usada por concorrentes poderosos como a Blackstone.

A companhia se tornou a maior usuária em Wall Street das "GP-led secondaries", a mais recente tendência no reino do capital privado. Eis como funciona: a Clearlake encontra outra empresa de capital privado para comprar uma grande porção de um de seus investimentos existentes. Os investidores em seguida têm a opção de vender suas participações sob a nova cotação, ou colocá-las em um novo fundo que deterá o investimento por cerca de quatro anos adicionais.

A Clearlake realizou cinco transações desse tipo, envolvendo mais de US$ 8,5 bilhões em ativos e realizando mais de US$ 10 bilhões em investimentos, nos dois últimos anos.

A Blackstone usou a mesma técnica em sua venda da BioMed Realty, por US$ 14,6 bilhões, em 2020, e sua recapitalização de 21 bilhões de euros da gigante europeia da logística Mileway, em fevereiro. No final do ano passado, a Clayton, Dubilier & Rice usou a mesma estratégia para vender a maior parte de seu investimento no grupo de reparos automobilísticos Belron, também por 21 bilhões de euros, à Hellman & Friedman.

A Clearlake, que vendeu 20% de participação em seu capital sob uma avaliação de US$ 4 bilhões, em 2018, agora atrai forte interesse dos executivos financeiros, que querem saber o que Feliciano e Eghbali farão com os 80% da empresa que ainda controlam.

Há bancos interessados em promover a abertura do capital da empresa – uma opção que o grupo está estudando mas sobre a qual ainda não decidiu.

"Será que essa não seria a próxima ferramenta, em termos de criar valor? Se alguém vai fazê-lo, imagino que esse alguém seja a Clearlake", disse um executivo financeiro ao Due Diligence.

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