Com 'caminho mais importante que resultado', Messi leva Argentina à batalha final

Sua participação na Copa do Qatar até agora é maradoniana dentro e fora de campo

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Doha (Qatar)

No túnel de acesso ao gramado do Maracanã, em 11 de julho de 2021, Lionel Messi reuniu os demais jogadores para fazer o discurso antes da decisão da Copa América. Anos antes, aquilo lhe seria difícil e ele tropeçaria nas palavras. Daquela vez, não.

"O caminho é mais importante do que o resultado", disse.

Talvez por não focar mais apenas no placar final, naquela tarde ele conquistou seu primeiro título importante com a seleção.

O objetivo seguinte seria o mais importante. Segundo o goleiro Emiliano Martínez, antes de iniciar a competição continental, Messi havia avisado a todo o elenco que o Mundial de 2022, no Qatar, seria seu último.

Messi sorri no treino deste sábado (17), véspera da decisão da Copa do Mundo, no centro de treinamento da Universidade do Qatar, em Doha
Messi em alto astral no treino deste sábado (17), véspera da decisão da Copa do Mundo, no centro de treinamento da Universidade do Qatar, em Doha - Carl Recine/Reuters

"Por causa disso, ele nos disse que daria tudo", explicou Martínez.

A Argentina está na final da Copa do Mundo em grande parte por causa do futebol de seu capitão e camisa 10. Neste domingo (18), a equipe decide o título contra a França, no estádio de Lusail, às 12h (de Brasília).

A mensagem de Messi ficou tão marcada para jogadores e comissão técnica que continuou a ser repetida. Antes da viagem ao Oriente Médio e após a surpreendente derrota na estreia para a Arábia Saudita, nas fases eliminatórias.

"O importante é o caminho, o objetivo que traçamos até agora. Estou convencido de que quando se desfruta, as coisas saem dife rentes", opinou o técnico Lionel Scaloni.

A estrada de Messi até chegar perto do título em 2022 é diferente de todos os que teve no passado da Copa do Mundo. Mesmo em 2014, quando foi vice e eleito o melhor da competição, não fez nenhum gol a partir das oitavas de final. O atacante jamais havia anotado em partidas eliminatórias.

No Qatar, marcou nas oitavas (Austrália), quartas (Holanda) e semifinal (Croácia). Fez jogadas e deu assistências que já estão na história das Copas, como diante de holandeses e croatas.

"Vejo Leo feliz. Vi um grande Leo na Copa América [de 2021], um dos melhores que vi na vida. Mas, neste Mundial, ele deu um passo mais adiante. É difícil superar o Messi da Copa América. Isso gera muita energia à equipe", completou Martínez.

É trajetória que transformou o craque que é a referência de futebol argentino. Sua Copa até agora é maradoniana dentro e fora de campo. Só não é igual porque não houve jogo contra a Inglaterra e até agora não houve título, como aconteceu com Maradona em 1986.

Messi nunca havia tomado tantas atitudes capazes de unir o elenco. Desde escolher a música que seria trilha sonora da seleção (o "Muchachos" da banda La Mosca de Tsé-Tsé) até tirar satisfações com técnicos e jogadores adversários (Louis van Gaal e Wout Weghorst).

Com cinco gols (ao lado de Mbappé), ele chega à final como artilheiro do Mundial. Em 2018, na Rússia, ele anotou apenas uma vez. Na África do Sul, em 2010, nem isso. Passou em branco. Ele chegou aos 11 marcados, o que o tornaram o maior goleador argentino na história da competição.

O caminho emocionou até Scaloni, que chegou à beira das lágrimas em sua entrevista deste sábado (17), ao falar do grupo que formou desde que assumiu o cargo, em 2018, e dos atletas que receberam oportunidades, mas não estão no Qatar.

Uma emoção que contraria o que ele mesmo disse após a vitória na fase de grupos contra o México. Ao ser questionado sobre o choro de seu auxiliar Pablo Aimar após o gol de Messi, falou que o futebol não poderia ser vivido daquela maneira, com tanta paixão. Era apenas um jogo.

A invasão argentina a Doha, com cerca de 40 mil pessoas e estádios lotados, o fez conceder que sim, há uma emoção envolvida que torna esta jornada ainda melhor.


Onde jogou Messi

Em que lugares do campo o craque mais pegou na bola

Mapa de calor de Messi nos 6 primeiros jogos da Copa
Mapa de calor de Messi nos seis primeiros jogos da Copa 2022 - Opta

"Estar emocionado é parte da cultura argentina, de como se vive o jogo. Temos a melhor torcida do mundo e que estava necessitada desta alegria. As imagens [de Buenos Aires] chegam e como não te vão emocionar? Na Argentina, mesmo que você não vá entender, é mais do que o futebol, é algo que faz as pessoas felizes. E que esta campanha tenha feito as pessoas felizes nos deixa emocionados. São coisas que emocionam e somos seres humanos", analisou.

É mais um discurso roubado de Lionel Messi, o líder inquestionável da seleção e do futebol do país finalista da Copa do Mundo. A cada contato com a imprensa, ele escuta sempre o pedido para "mandar uma mensagem" às pessoas que estão no seu país natal, como se fosse necessário dar uma palavra de esperança.

"Com o seu futebol, ele mostra onde podemos chegar. Leo é um fenômeno", concedeu Alexis MacAllister. Uma declaração discreta perto da que deu Martínez após o título da Copa América do ano passado, quando disse que "morreria por Messi."

Foi quando Messi disse que a jornada é o mais importante. Mas se esta terminar com o título neste domingo, para ele e para os companheiros que o idolatram, vai coroar o caminho mais bonito de todos.

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