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Copa do Mundo 2022 Seleção Brasileira

Com Casimiro, CazéTV mescla padrão Globo e quinta série nas transmissões

Fato novo da Copa, canal no Youtube traz criador de conteúdo como torcedor profissional

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São Paulo

Aos 23 minutos do segundo tempo, a seleção de Camarões trocou Kunde por Ntcham. Quase imediatamente, Casimiro Miguel emendou "agora segura o Ntcham". Em seguida, teve um corinho, aparentemente com o ex-jogador Denilson, "segura o Ntcham, amarra o Ntcham…"

Criador de conteúdo e influencer, o carioca Casimiro, 29, é o "fato novo" nas transmissões dos jogos da Copa, ao exibir todos os jogos do Brasil, e alguns outros escolhidos a dedo, na sua CazéTV.

Casimiro Miguel, da CazéTV, durante transmissão do jogo Brasil x Camarões
Casimiro Miguel, da CazéTV, durante transmissão do jogo Brasil x Camarões - CazéTV no YouTube/Reprodução

Durante os jogos, como no duelo contra Camarões nesta sexta (2), Casimiro não faz o papel de humorista ou narrador, mas sim de um torcedor, profissional, mas torcedor. Com ele e seu time, as transmissões ficam entre o "padrão Globo" de qualidade e as piadas da quinta série, para o bem e para o mal.

Na terceira partida da fase de grupos, a narração era comandada por Luis Felipe Freitas, com muitos jogos de Champions League no TNT Sports no currículo. Juninho Pernambucano, que esteve na Globo na Copa de 2014, comentava a partida, no seu mesmo estilo.

Perto da hora do jogo, chegou mais um ex-jogador, Denilson, chamado de "Denilson show", que deu um ar mais descontraído, quase botequeiro, à transmissão. Outros ex-globais acompanhavam diretamente do Qatar, os repórteres André Hernan e Alê Oliveira. Ao todo, são 3 horas e meia de transmissão, com um ahorinha antes e outra depois.

Com os ex-jogadores fazendo as análises, Casimiro, ou Cazé, como também é chamado, ficava à vontade para apenas torcer, trajando sua jaqueta da seleção de R$ 800. O cara, ou a cara, da CazéTV também não esconde o time, torce para o Vasco, mas elogia o flamenguista Pedro, e faz reverência ao ex-vascaíno Juninho.

Suas reações na maior parte das vezes podiam ser a de qualquer um que acompanhasse o jogo com os amigos, na Fan Fest ou no bar da esquina. "Peraí, professor, tem que dar amarelo", "ele falou que foi na bola? Tá de brincadeira, foi na bolinha do tornozelo", "esse juiz tá de sacanagem, o que ele marcou?"

Em alguns momentos, como gosta de salientar também o narrador Everaldo Marques, do SporTV, o momento quinta série fala mais alto. Quando o massagista de Camarões se agachou para atender um atleta caído no gramado, ele comentou "e a câmera sendo cruel com o massagista? olha lá".

Simultaneamente, muitos internautas que acompanhavam o jogo colocavam comentários como "ih, tá pagando cofrinho" e muitos "kkkkkk". Não faltavam também frases com piadas gastronômicas envolvendo Camarões.

Na hora da análise-torcida mais séria após o jogo, Casimiro pulou algumas séries no comentário, pelo menos, não é algo que pais gostam de ouvir das crianças do ensino fundamental. "Se a Suíça faz um gol, a gente tava numa merda federal. Não pode ficar… posso falar? com o cu na seringa. O Brasil ficou com o cu na seringa."

Mais tarde, em sua mesa-redonda, ele voltou a dizer, "o Brasil ficou com o cu no serrote". "Não era na seringa?", ponderou outro comentarista.

Apesar do clima descontraído, a CazéTV é coisa séria. Única alternativa brasileira às transmissões do grupo Globo, o canal já tem perto de 4 milhões de inscritos. Casimiro queria bater a marca durante a transmissão, que começou com cerca de 3,62 milhões, mas não conseguiu. A meta ousada estipulada pelo próprio youtuber é de 10 milhões de inscritos até o fim do Mundial.

Casimiro e comentaristas durante Brasil x Camarões
Casimiro e comentaristas durante Brasil x Camarões - CazéTV no YouTube/Reprodução

Na estreia, contra a Sérvia, bateu o recorde de uma transmissão online brasileira ao vivo, com 3,65 milhões. Contra a Suíça, chegou ao recorde mundial, com algo entre 4,8 e 4,9 milhões.

O número não foi batido no confronto contra Camarões. O jogo começou com cerca de 2 milhões de aparelhos conectados, aos 15 minutos já estava em 3,6 milhões e até o fim do primeiro tempo bateu 4,1 milhões. No intervalo, essa quantidade caiu rapidamente, para perto de 3 milhões, para depois voltar a subir.

Aliás, o intervalo —como o pré e o pós-jogo— é recheado de patrocinadores. Enquanto, arrumam referências de alguns deles diante dos internautas, o narrador lembrava. "Primeiro tempo terminou com zero para o Brasil, zero para Camarões". Mas Casimiro logo cortou, "zero camarões, não", contando os quitutes enviados por um patrocinador, "deve ter uns 30 aqui".

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