Espelho de Messi na Argentina, Di María também se despede de Copas na final

Com histórico de lesões e atuações apagadas em Mundial, meia-atacante joga por legado na seleção

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Doha (Qatar)

Nascido em Rosário, ele foi criticado várias vezes por não render pela seleção argentina o mesmo que pelo clube que paga seus salários.

Questionado, teve alguns momentos de brilho em Copas do Mundo, mas sempre ficou a sensação de que poderia render muito mais. A mudança de percepção começou com o título da Copa América de 2021.

Em seu adeus no Mundial, sua última partida será neste domingo (18), na decisão contra a França, às 12 horas (de Brasília), no estádio Lusail.

Este jogador não é Lionel Messi. É Ángel Di María, 34.

Di María (ao centro) durante treino da Argentina nesta quinta (15), em Doha
Di María (ao centro) durante treino da Argentina nesta quinta (15), em Doha - Lee Smith/Reuters

"O que aconteceu agora neste torneio poderia ocorrer em algum momento. Depois da primeira derrota, são seis finais pela frente", disse o meia-atacante que atua pelo Paris Saint-Germain (FRA), mesmo time de Messi.

Ele deu a declaração após a partida em que foi titular, a estreia da Argentina contra a Arábia Saudita. Foi uma derrota por 2 a 1. Depois disso, sofreu lesão muscular na vitória sobre a Polônia e desde então tem sido apenas opção para o segundo tempo.

"Corremos risco com Fideo [apelido de Di María] em alguns instantes porque ele não estava 100%", confessou o técnico Lionel Scaloni depois de colocá-lo em campo durante as quartas de final, diante da Holanda.

Nesta quinta-feira (15), ele foi um dos mais exigidos no treino na Qatar University. Se o treinador quiser manter o time, ele mais uma vez ficará no banco. Mas pode ser opção para começar como titular em caso de mudança do esquema ou das peças.

Não é a primeira vez que Di María se lesiona durante um Mundial. Teve problemas físicos também no torneio no Brasil, em 2014. Não atuou na final contra a Alemanha, apesar do esforço para se recuperar a tempo. Depois diria ter sido ameaçado pelo Real Madrid, seu clube da época, para que não jogasse. Os dirigentes da equipe espanhola negaram.

Assim como Messi, ele chegou ao Qatar com a ideia na cabeça de que esta seria sua última Copa do Mundo. As sucessivas contusões e as atuações apagadas sempre colocaram um ponto de interrogação sobre qual seria seu legado com a alviceleste.

Di María faz parte, ao lado do camisa 10, da geração marcada, até a Copa América do ano passado, pelas derrotas em decisões. Fazia parte do elenco em 2014 e das competições continentais de 2015 e 2016. Como Messi, fez um gol importante no Mundial de 2018, na Rússia, mas pouco adiantou. Seu arremate de fora da área contra a França igualou o placar nas oitavas de final, mas a Argentina terminou derrotada por 4 a 3.

"Nós tivemos o mérito de sempre chegar a decisões. Não é uma equipe que pode ser vista como fracassada, como perdedora. Quantas seleções chegam a uma final de Copa do Mundo? Não muitas", disse na época.

A redenção na Copa América veio em 2021, no Brasil. Foi dele o gol do título contra o time de Tite, no Maracanã. Só não foi atirado para o ar pelos companheiros porque esta honra coube a Messi.

Os dois são de lados contrários na rivalidade de Rosário. Se o sonho dos torcedores do Newell’s Old Boys é ver Lionel cumprir a promessa que não fez (a possibilidade na verdade foi levantada por seu pai, Jorge), de voltar ao clube do coração, onde iniciou na base, os fãs do Rosario Central contam com Di María.

É uma possibilidade bem maior porque o meia-atacante já disse querer vestir de novo a camisa com a qual se profissionalizou.

A vitória no domingo seria a coroação para ambos e todos os olhos estarão no capitão da seleção, eleito sete vezes melhor do mundo e que tem na Copa o último grande título que não conquistou.

Mas Messi sempre foi, desde cedo, apontado como um fenômeno do futebol. O jogador sobre o qual Ronaldinho Gaúcho disse: "Este será melhor do que eu".

Enquanto o futuro astro despontava no Barcelona e já era profissional, Di María considerava a possibilidade de parar aos 16 anos.

Como não era promovido para a equipe principal do Rosario Central e a família precisava de dinheiro, pensou em largar o futebol e ir trabalhar com seu pai. Foi a mãe, Diana, quem insistiu para que prosseguisse.

Seria ela também quem diria para o filho para não atuar mais na seleção por causa das pesadas críticas.

"Era muito triste ouvir o que diziam. Eu o via sofrer e isso me fazia mal", confessou ela, no ano passado.

Di María a ouviu para continuar no futebol, mas fez de conta que não era com ele ao receber o conselho de abandonar a alviceleste. A recompensa por isso pode ser o título de campeão do mundo.

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