Futura ministra do Esporte, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser afirmou nesta quinta-feira (29) que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que a pasta dê prioridade ao esporte amador no futuro governo e disse que deseja ver "crianças, jovens e adultos fazendo esporte".

"Ele [Lula] tem muito conhecimento de esporte. Ele jogou futebol, futebol não profissional, não o futebol do Neymar, o da várzea. Esse esporte presente na vida das pessoas, o esporte de cada um em diferentes fases da vida. É esse esporte que ele quer", disse a futura ministra à Folha.

Na composição da sua equipe, a ex-atleta pretende levar sua "turma", incluindo institutos esportivos, atletas e gestores. "Muita gente que esteve comigo nas últimas duas décadas e que vou contar na gestão para fazer mais e mais escala", afirmou.

"Precisa de perfil técnico, servidor [público], apoio legal, articulação no Congresso. A ideia é trazer minha turma pra cá, trazer gente especializada para fazer o que precisa ser feito, e o que precisa ser feito é cuidar de priorizar esporte para todos", acrescentou.

Um dos principais desafios da futura ministra será reconduzir a pasta ao status de ministério —o Esporte foi rebaixado a secretaria especial por Jair Bolsonaro (PL).

Quanto ao legado olímpico desperdiçado seis anos depois dos Jogos do Rio, em 2016, Moser diz que o governo federal irá atuar em conjunto com a Prefeitura carioca para tirar melhor proveito das instalações esportivas da Barra e de Deodoro.

Algumas promessas, como a criação de um centro de treinamento capaz de fazer do Brasil uma potência esportiva mundial, nunca foram cumpridas. Segundo o governo federal, as construções do Parque Olímpico da Barra e de Deodoro custaram mais de R$ 2 bilhões.

"É uma estrutura que tem potencial, não vai fazer projeto social em larga escala, porque não é pra isso, vai trabalhar o lugar que tenha condição de ajudar esporte de rendimento se desenvolver mais ainda", disse.

Nas quadras, Moser foi bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996) —a primeira medalha olímpica do vôlei feminino brasileiro. Aposentou-se três anos depois e passou a se dedicar a projetos sociais.

Fundou o Instituto Esporte e Educação e mais recentemente dirigiu a organização Atletas Pelo Brasil. À frente da entidade, a ex-jogadora de vôlei foi uma das articuladoras da sociedade civil em prol da Lei Geral do Esporte e do Plano Nacional do Desporto. Na equipe de transição do governo Lula, Moser integrou o grupo de trabalho do esporte.

Moser será a primeira ministra do Esporte de um governo petista que não é ligada a um partido político. Desde o primeiro governo Lula, a pasta foi ocupada por integrantes do próprio PT, do PC do B e também já ficou nas mãos do PRB (hoje, Republicanos).