Difícil explicar para quem é de fora sobre a magia de uma caravana de torcida.
A organização, o aluguel dos ônibus, a lista de passageiros e a reunião com os amigos.
Dentro do buso, como o chamamos, o samba rola solto, e o banco à frente e as laterais viram espaço para o bater de mãos ao ritmo das músicas da torcida e do clube do coração.
No fundão, a caixa de cerveja dura até o gelo virar água, e o garrafão daquele vinho "sangue de boi" passa de banco em banco, vai no copo de plástico mesmo e quase sempre acaba manchando justamente aquela camiseta branca.
No trajeto de ida de uma caravana, a expectativa pelo jogo, a tensão da chegada a outra cidade, a escolta da polícia, a aproximação do estádio, os ingressos, a faixa e os instrumentos da bateria.
Na arquibancada, a sensação mais viva de ser o 12º jogador, representando em poucos ali os milhões de torcedores em casa. Nos jogos fora de casa, o torcedor calibra o pulmão, grita mais e se sente mais importante —e de fato ele é.
Neste sábado (19), o gol de Gustavo Mosquito para o Corinthians aos 52min do segundo tempo foi comemorado em êxtase pela fiel torcida no Mineirão. Não era final, mas qualquer jogo fora de casa é como se fosse uma para quem vai de caravana.
Foi uma última alegria traçada no destino de um grupo de corintianos. A sensação de alívio do dever cumprido e da volta feliz para casa foi interrompida por essa tragédia com ao menos sete mortos em Igarapé, em Minas Gerais.
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