Agora espero que busquem Robinho e o façam cumprir a pena, diz advogado da mulher estuprada

Vítima assistiu à sessão pela internet, da Itália; defensor Jacopo Gnocchi afirma que sempre confiou na Justiça brasileira

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Milão

O advogado Jacopo Gnocchi, que representa a vítima do estupro coletivo pelo qual foi condenado o ex-jogador Robson de Souza, disse, nesta quarta-feira (20), que sempre acreditou na Justiça brasileira e que agora espera que a sentença de prisão seja executada o mais rápido possível no Brasil, como teria ocorrido se ele estivesse na Itália após a condenação definitiva, em janeiro de 2022.

"Sempre tive confiança na Justiça brasileira e foi uma confiança bem depositada. Portanto, tenho o máximo respeito pelo sistema brasileiro e pela corte, que na minha opinião tomou a decisão correta", disse à Folha, logo após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ter formado maioria a favor de que Robinho cumpra a pena de nove anos no Brasil. "Agora espero que as autoridades busquem Robinho e que o façam cumprir a pena na prisão."

O advogado acompanhou da Itália, por meio da transmissão online, o julgamento que decidiu pela validação da sentença da Justiça italiana e pelo cumprimento da pena no Brasil. Os ministros deram 9 votos a favor e 2 contra.

Robinho em ação pelo Atlético-MG; STJ determinou que ex-jogador deve cumprir no Brasil a sentença de prisão por estupro dada pela Justiça da Itália - Nelson Almeida - 20.mar.24/AFP

"O Brasil demonstrou ser um grande país e não o paraíso da impunidade", disse o advogado. "A esse ponto, espero que siga assim até o final, para que vítima possa colocar um fim nisso e virar a página, mesmo sabendo que, infelizmente, esse tipo de crime não é jamais esquecido."

O Brasil demonstrou ser um grande país e não o paraíso da impunidade. A esse ponto, espero que siga assim até o final, para que vítima possa colocar um fim nisso e virar a página, mesmo sabendo que, infelizmente, esse tipo de crime não é jamais esquecido.

Jacopo Gnocchi

advogado que representa a vítima do estupro coletivo

A vítima que denunciou o grupo é uma mulher de origem albanesa que tem atualmente 34 anos e mora na Itália. Segundo o advogado, ela também acompanhou a distância o julgamento no STJ, mas não havia se pronunciado.

Robinho foi condenado a nove anos de prisão em 2017, decisão confirmada definitivamente em 2022 pela terceira e última instância do Judiciário italiano. O crime ocorreu em janeiro de 2013 em uma casa noturna de Milão, no norte da Itália, onde Robinho jogava, na época, pelo Milan.

Para o advogado, o resultado comprova a importância de as vítimas denunciarem os crimes. "[A decisão do STJ] significa que o sistema existe, funciona e responde positivamente, apesar de demoras e burocracias. As mulheres devem confiar nisso e não terem medo se do outro lado tem um rico e famoso."

Nesta semana, em entrevista a uma emissora de TV e nas redes sociais, o ex-jogador acusou o judiciário italiano de racismo e de ter cometido "diversos erros". Para os jornais italianos, tratou-se de um ataque ao país.

"Foi um gol contra. Acho que ele fez mal a si próprio com aquela entrevista", disse Gnocchi.

"Ele teve oito anos de processo, três graus no judiciário e teve a possibilidade de contar a sua versão, inclusive diretamente, mas nunca apareceu nos tribunais. Teve todas as possibilidades pela lei italiana. De qualquer forma, os fatos foram definitivamente estabelecidos. Dar uma entrevista três dias antes da decisão do Superior Tribunal de Justiça, na minha opinião, foi uma tentativa que lhe fez mais mal do que bem."

Segundo investigação do Ministério Público italiano, Robinho, Ricardo Falco e outros quatro brasileiros praticaram violência sexual de grupo contra a vítima, que foi embriagada por eles e, inconsciente, estuprada várias vezes. A acusação foi baseada no depoimento da vítima e em conversas interceptadas com autorização da Justiça italiana, incluídas como provas no processo.

Falco também foi condenado a nove anos de prisão na Itália, mas a homologação da sua sentença ainda não foi julgada no Brasil. Por terem deixado a Itália durante a investigação, os outros quatro homens não puderam ser notificados, e o caso deles foi desmembrado do processo. Atualmente, se encontra parado na primeira instância.

Robinho sempre negou o crime.

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