'O Corinthians está sangrando', afirma Augusto Melo

Presidente alvinegro se vê traído por ex-diretores e culpa oposição por saída de patrocinador

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São Paulo

Augusto Melo disse nesta segunda-feira (10) que se sente traído pelos diretores que deixaram sua gestão, mas culpou a oposição do Corinthians pelo rompimento do contrato de patrocínio máster com a empresa de apostas esportivas online VaideBet.

"Os opositores", respondeu, questionado sobre os culpados pela crise. "Não querem o bem do Corinthians. As pessoas que não aceitam a derrota nas eleições", afirmou o presidente corintiano, convencido de que não existe a possibilidade de ele sofrer um processo de impeachment devido à investigação do caso conduzida pela Polícia Civil e pelo Conselho Deliberativo do clube.

"Não existe. E golpe aqui ninguém vai dar", declarou.

Para o cartola, seu único erro na condução do caso que levou a VaideBet a rescindir o acordo que previa o pagamento de R$ 370 milhões por três anos de parceria foi na escolha das pessoas que faziam parte de sua gestão e que deixaram seus cargos em meio à polêmica.

São eles: Rubens Gomes, ex-diretor de futebol, Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico, Rozallah Santoro, ex-diretor financeiro, Fernando Alba, ex-diretor adjunto de futebol, e Sergio Moura, que está licenciado de seu cargo de superintendente de marketing.

A única dessas posições que já foi preenchida é a de diretor jurídico, ocupada agora pelo advogado Leonardo Pantaleão.

"Eu errei e estou consertando", afirmou Augusto Melo sobre as saídas. "Traição é a pior coisa que existe na Terra. Você nunca sabe de onde vem."

Augusto Melo vive momento de pressão no Corinthians - Zanone Fraissat - 2.jan.24/Folhapress

Questionado sobre quem teria traído sua confiança, o cartola não citou nomes, mas afirmou que o traidor é "quem saiu do clube" e que tudo "está sendo investigado".

"Nomeei uma diretoria que achei que fosse técnica, mas errei. Assim que percebi isso, troquei. A política acabou, vou errar pela minha caneta", acrescentou o mandatário.

Foi a primeira vez que o dirigente apareceu publicamente para explicar as suspeitas de que uma empresa laranja foi usada na negociação do time do Parque São Jorge com o site de apostas esportivas.

Na sexta-feira (7), um dia após o cartola retornar de uma viagem à Europa, a VaideBet anunciou a rescisão do acordo, sob a justificativa de que o clube descumpriu cláusulas anticorrupção.

O acordo é investigado pela Polícia Civil, que abriu um inquérito sobre o pagamento de comissão de R$ 25,2 milhões para a Rede Social Media Design, empresa que pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que atuou na campanha de Augusto.

"Eu o vi duas vezes. A primeira foi para fazer uma live na agência dele. E a segunda vez foi na transição. Eu nunca falei por telefone. Se eu o vir aqui, talvez não conheça", afirmou Melo. "Essas pessoas terão que provar [as acusações], vamos ver quem é torcedor ou não", disse.

Para Augusto, membros da oposição do clube estão tentando minar o seu poder, sufocando a já debilitada capacidade financeira do Corinthians.

"O Corinthians está sangrando, mas honrando compromissos", afirmou. "Hoje estamos com um fluxo de caixa muito complicado."

A situação delicada, segundo Augusto, tornou necessário um empréstimo com o empresário Igor Carvalho, a quem o presidente recorreu para fazer o pagamento pela contratação do lateral direito Matheuzinho.

"Ele emprestou dinheiro com juros muito baixos. Foram 4 milhões [de euros, cerca de R$ 21,4 milhões]. "Ele não fez nenhum negócio aqui dentro, não tem qualquer porcentagem."

Apesar da falta de dinheiro, o dirigente disse que o Corinthians continua à procura de reforços para seu elenco, sobretudo para encontrar um novo goleiro. Depois da saída de Cássio, Carlos Miguel aceitou uma proposta do Nottingham Forest, da Inglaterra, e deve deixar o clube em breve.

"Estamos conversando com outros goleiros, temos um scout sendo feito. Não estamos aqui brincando, não fomos nós que liberamos o Cássio, ele quis sair. Não queremos pessoas que não queiram ficar, queremos quem queira ficar aqui. Por isso essa reformulação está sendo importante", afirmou.

No caso de Carlos Miguel, a diretoria diz que se sente "refém", já que, por um exótico dispositivo no contrato do goleiro, a multa rescisória do seu contrato foi de 50 milhões de euros (R$ 285,2 milhões, na cotação atual) em 2023 para 4 milhões de euros (R$ 22,8 milhões) em 2024.

Melo, contudo, negou que o jogador já esteja de saída. "Não chegou nenhuma proposta, não pagaram a multa, então ele é atleta do Corinthians". Nesta terça-feira (11), o goleiro deve ser titular na partida contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro.

Com o time paulista na 17ª posição da tabela, logo à frente da equipe goiana, trata-se de um duelo direto na briga para fugir da zona de rebaixamento.

A situação fragiliza ainda mais a gestão de Augusto Melo.

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