Primeira páginaÚltimas notíciasPolíticaEconomiaInternacionalEsportesTecnologiaCulturaWelcome  
 

Tragédia no
Vôo 402

Jato cai em SP com
96 pessoas a bordo


Avião da TAM sofre acidente após decolar em Congonhas e cai sobre casas no Jabaquara. Não há sobreviventes. Entre as vítimas, estão dezenas de empresários e executivos

Brasil Online 31/10/96 23h03
De São Paulo

O número de vítimas fatais da queda de um avião Fokker 100 da TAM em São Paulo pode chegar a 105, segundo informações da companhia. O jato prefixo PT-RNK fazia o vôo 402, do Aeroporto de Congonhas com destino ao Rio de Janeiro. Havia 96 pessoas a bordo (90 passageiros e seis tripulantes). Entre os ocupantes, estavam dezenas de empresários e executivos. Todos morreram (veja relação e perfis das vítimas). Os corpos resgatados eram envoltos em plástico e espalhados pela calçada.

A aeronave decolou às 8h26 e caiu às 8h28 sobre diversas casas no Jabaquara, zona sul paulistana. Antes de cair, a asa do avião bateu em um prédio de dois andares e partes da fuselagem atingiram cerca de dez casas. O Instituto Médico Legal não divulgou até as 20h30 o número oficial de mortos. A TAM anunciou que além dos 90 passageiros e 6 tripulantes, outras 9 pessoas morreram em terra. O instituto também não confirma o número de vítimas já reconhecidas. Segundo a Secretaria de Segurança, foram registrados apenas três mortos em terra. É o segundo maior acidente aeronáutico do Brasil. O governador Mário Covas e o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, decretaram luto oficial de três dias.

Ainda não há informações sobre os motivos do acidente. Segundo a Infraero, o piloto sentiu a necessidade de voltar ao aeroporto e, durante o procedimento, o jato teve problemas técnicos e caiu. As investigações devem durar 90 dias (leia mais).

O relato das
testemunhas

Segundo testemunhas que assistiram à decolagem do jato, o Fokker 100 da TAM não chegou nem a recolher o trem de pouso e já começou a perder altitude, caindo em direção às casas.

"Vi homens desmaiando e mulheres apavoradas saindo correndo de casa carregando os filhos. Parecia uma cena da guerra do Iraque. Foi horrível!", afirmou o publicitário Itamar Freire Lima, 38 anos.

Ele disse ainda que poderia estar incluído entre as vítimas do acidente, já que a aeronave atingiu diversos carros e casas. "Estava parado no sinal a poucos metros do local do acidente", falou.

O diretor do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo e mecânico de manutenção da Varig, Juscelino Ferreira dos Santos, disse que estava próximo à pista do aeroporto na hora do acidente. "O avião deu uma guinada para a direita antes mesmo de alcançar a altitude padrão", contou. Segundo ele, isto poderia indicar que a aeronave apresentou problemas mecânicos.

O sindicalista disse ainda que o procedimento usual é que o avião alcance altitude primeiro e depois pegue a rota determinada (para direita ou esquerda) pela torre de controle.

O resgate
das vítimas

Os corpos das vítimas do acidente com o jato da TAM foram colocados na Rua Luís Orsini de Castro. O bairro do Jabaquara, atingido pela queda do avião, teve a energia elétrica, luz e telefone cortados devido ao acidente.

Ormuzd Alves/Folha Imagemaviao
Vista aérea do local do acidente

O coronel Leopoldo Augusto Correa Filho, do Corpo de Bombeiros, disse que a primeira viatura chegou ao local às 8h35. "Já ouvimos gemidos vindos dos destroços das casas e pode haver outras vítimas", disse o oficial pela manhã. Os bombeiros levaram 26 viaturas ao local (entre carros de combate a incêndio e ambulâncias dos para-médicos) e oitenta homens trabalharam no resgate. Soldados do Exército e Aeronáutica também foram acionados para inspecionar a região e recuperar a caixa-preta da aeronave.

O atendimento
aos sobreviventes

O Hospital Municipal do Jabaquara recebeu dezesseis vítimas do acidente, sendo que pelo menos três delas apresentaram intoxicação exógena, causada pela inalação de gases tóxicos do avião.

O caso mais grave é o do mecânico Dirceu Barbosa Geraldo, de 39 anos, que apresenta 75% do seu corpo com queimaduras de segundo e terceiro graus. Segundo o diretor do hospital, Tomás Antônio de Almeida, Geraldo vai sobreviver.

Todas as dezesseis pessoas atendidas no hospital moram no bairro do Jabaquara. Foram liberadas até a tarde da quinta nove vítimas. Segundo o diretor, a equipe do hospital realizou no mesmo dia da tragédia uma simulação de atendimentos a acidentes aéreos no Aeroporto de Congonhas. "Em sete minutos já estávamos no local", disse Almeida.

Passageiros podem
ter notado problemas

O coronel Leopoldo Augusto Corrêa Filho, comandante das operações de resgate disse haver evidências de que os passageiros da aeronave Fokker 100 da TAM sabiam dos problemas técnicos do aparelho e estavam iniciando uma operação de emergência. "A grande maioria dos corpos estava agrupada na parte traseira do avião, o que indica que eles estavam já iniciando um procedimento de emergência", disse o coronel. "Geralmente, quando ocorrem situações de pânico em uma aeronave, os passageiros procuram por instinto se agrupar para tentar se proteger'', afirmou. As duas caixas pretas do avião, que poderão confirmar se realmente os passageiros já haviam sido alertados para o risco de queda, já foram encontradas e encaminhadas ao Departamento de Aviação Civil.

O vôo do
mercado

O vôo da TAM entre São Paulo e Rio no início da manhã é conhecido como o vôo do mercado. O horário das 8h30 é o preferido dos executivos de bancos e empresas que embarcam diariamente rumo ao Rio para fechar negócios, visitar clientes ou para simples reuniões nas companhias.

Pelo menos dezesseis pessoas diretamente ligadas a empresas financeiras estavam na lista de passageiros divulgada pela companhia aérea. O Unibanco tinha oito funcionários na aeronave. O Citibank perdeu um diretor e um funcionário de uma empresa coligada, a Interchange. Também havia a bordo executivos do Banco de Boston, Banco Cidade, Chase Manhattan Bank, Itaú, Banco Santos e Banco Garantia. (veja os perfis das vítimas).

TAM monta
Central de Informações

A TAM Linhas Aéreas montou uma Central de Informações para atender às famílias das vítimas. O serviço funciona no Golden Flat Hotel, próximo ao aeroporto de Congonhas. No IML, só está sendo permitida a presença de um familiar de cada uma das vítimas. O IML está gravando em vídeo images/ dos corpos das vítimas do acidente com o avião da TAM que podem ser reconhecidos visualmente. As images/ serão apresentadas aos parentes das vítimas que estão no Golden Flat.

A TAM comprometeu-se a dar assistência aos familiares e disse que entregou todos os documentos de controle e registro de vôo ao Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos do Ministério da Aeronáutica. O presidente da TAM, Rolim Amaro, está no Caribe (leia mais). As ações da TAM caíram 22% nas bolsas (veja detalhes).

Encontrada cocaína
entre escombros

O delegado do grupo de Operações Especiais (GOE), José Roberto Arruda, confirmou que a substância encontrada nos destroços do Fokker 100 era mesmo cocaína.

"Os exames deram positivo e posso garantir que a droga, embrulhada em sacos plásticos, foi recolhida do compartimento de bagagem da aeronave", disse. Segundo o delegado, a quantidade de droga apreendida foi de 3 948 gramas.
Com informações de Agência Folha e AJB

 

Informações na Internet

  • TAM - Site oficial da empresa