Folha lança programa de treinamento destinado a profissionais negros

Curso online vai ocorrer no período noturno ao longo de 3 meses; critério de cor é autodeclaração

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São Paulo

A Folha abre nesta sexta (19) as inscrições para o seu Programa de Treinamento em Jornalismo Diário, que, desta vez, será destinado a profissionais negros.

O curso é voltado para estudantes universitários e pessoas formadas em qualquer área de conhecimento. O critério de cor é a autodeclaração.

Com duração de três meses, o programa será online por causa da pandemia, no período noturno (das 18h às 22h). Interessados de todas as regiões do país podem se inscrever. As inscrições encerram-se em 21 de março. ​

Os trainees terão aulas de práticas jornalísticas, português, uso de banco de dados e economia, entre outros temas. A coordenadora do curso será Flavia Lima, ombudsman da Folha. “Foi por meio de um programa de trainee que entrei no jornalismo há 20 anos. Conheço a importância da iniciativa e considero uma honra coordenar o programa da Folha, o primeiro voltado para jornalistas negros. Certamente, a definição de pluralismo vem sendo ampliada.”

Não há garantia de emprego ao final do treinamento, mas a Folha costuma contratar ou pautar como free-lancers os trainees. A seleção será feita por meio de prova, dinâmicas e entrevistas.

“Queremos aumentar a diversidade na Redação a fim de torná-la mais representativa e mais competente”, diz Suzana Singer, editora responsável pelo Treinamento. ​

Para Alexandra Moraes, editora de Diversidade, “a iniciativa deve se somar a outras para reduzir a distância entre o perfil da Redação, majoritariamente branca, e o da população num país de maioria negra”.

A editoria de Diversidade da Folha foi criada em maio de 2019 com o objetivo de aprofundar a pluralidade, um dos pilares do projeto editorial do jornal. No dia a dia, tem entre suas funções participar do processo de contratação de jornalistas, colunistas e colaboradores e ajudar a fomentar maior diversidade de fontes e dos temas tratados pelas pautas, para que essas medidas possam também se refletir numa composição mais variada do próprio leitorado.

Essa não é a primeira iniciativa do treinamento da Folha para fomentar a heterogeneidade na equipe. Em 2016, foi formada turma de seniores, trainees com mais de 40 anos que queriam conhecer o jornalismo de perto. Vários deles colaboram com o jornal até hoje.

Redação da Folha no quarto andar do prédio da alameda Barão de Limeira 425, nos Campos Elíseos, em São Paulo
Redação da Folha no quarto andar do prédio da alameda Barão de Limeira 425, nos Campos Elíseos, em São Paulo - Lalo de Almeida/Folhapress

A preocupação em ter uma equipe mais diversa está presente em vários países. Depois da morte de George Floyd, em maio do ano passado, o Washington Post, nos EUA, criou uma vaga de diretora editorial para diversidade e inclusão, ocupada pela jornalista negra Krissah Thompson.

A BBC, empresa de radiodifusão pública britânica, criou em 2019 o cargo de diretora de diversidade criativa, ocupado por June Sarpong. No ano passado, estabeleceu a meta de que seu quadro de colaboradores seja composto de pelo menos 20% de profissionais pertencentes a grupos sub-representados na mídia, como negros, minorias étnicas, pessoas com deficiência e de classes mais baixas.

No Brasil, o laboratório de jornalismo Énois criou programa de diversidade no qual dez jornalistas trabalham em dez Redações online fora do eixo Rio-São Paulo. O Nexo Jornal, em janeiro, abriu duas vagas de estágio exclusivas para mulheres negras.

Fora do ambiente jornalístico, várias empresas criaram iniciativas para promover a diversidade. O Magazine Luiza e a Ambev lançaram programas de trainee exclusivos para negros.

A Bayer, multinacional farmacêutica, criou o Programa Liderança Negra e mantém comitês de inclusão e diversidade voltados para gênero, raça, comunidade LGBT, gerações (idade) e pessoas com deficiência. O Goldman Sachs, grupo financeiro multinacional, estabeleceu a meta de que, até 2025, 7% de todos os seus vice-presidentes sejam negros, 9% latinos e 40% mulheres.

O programa de treinamento conta com o apoio de Nelson Wilians Group.

As inscrições encerram-se em 21 de março. Faça a sua aqui.

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