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19/04/2007 - 09h37

Escuta da Polícia Federal envolve advogado da CSN

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da Folha de S.Paulo

A Polícia Federal afirma haver um "conluio" de um advogado da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) com a quadrilha que negociava sentenças judiciais para conseguir uma decisão favorável para a empresa. A decisão de fato ocorreu.

A Polícia Federal gravou, com autorização judicial, conversas entre Silvério Nery Cabral Júnior, genro do desembargador José Eduardo Carreira Alvim, e o advogado da CSN Antônio Correa Rabello. Nos diálogos, segundo a PF, fica clara a negociação para que Carreira Alvim desse liminar em benefício da CSN. O desembargador e seu genro foram presos durante a Operação Hurricane.

A assessoria de imprensa da CSN informou que o advogado Antônio Correa Rabello, citado no inquérito da PF, não é funcionário contratado da empresa --apenas presta serviços jurídicos. A CSN disse que não vai se manifestar sobre o inquérito. Rabello não foi localizado até o fechamento desta edição.

Segundo a PF, "no mês de julho de 2006 [...], os investigados José Eduardo Carreira Alvim, vice-presidente do TRF da 2ª Região, e seu genro, o advogado Silvério Cabral Nery Júnior, uniram-se em conluio com o advogado da Companhia Siderúrgica Nacional Antônio Correa Rabello com a finalidade de garantir a eficácia de acórdão da 4ª turma do TRF, através de concessão de liminar". No documento, a PF diz que o desembargador concedeu decisão "no interesse dos envolvidos".

"A forma de agir de Silvério Júnior, a intermediação realizada, os áudios interceptados e, principalmente, a decisão concedida por Carreira Alvim no interesse dos envolvidos são convergentes com outros fatos relacionados ao modo de agir do vice-presidente do TRF da 2ª Região, a exemplo do que foi identificado no caso Betec Games [empresa beneficiada pelo desembargador na qual ele liberou 900 caça-níqueis].

Ernesto Dória

Nas centenas de páginas com os grampos feitos pela PF estão descritas conversas em que o juiz do Trabalho Ernesto da Luz Pinto Dória relata a interlocutores supostas irregularidades que envolveriam outras empresas e magistrados.

Preso pela PF, Dória é descrito no inquérito, em determinado trecho, como contumaz no "uso do nome de autoridades do Poder Judiciário para obter vantagem indevida". Em um dos diálogos, de janeiro deste ano, no qual Dória fala com uma pessoa identificada pela PF como Paulo Salles, o juiz afirma que "ganhou" para um "conhecido dele", ao lado do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, uma causa de R$ 4 bilhões envolvendo o banco Bradesco. Segundo a PF, Dória diz que ele e mais quatro juízes receberiam de 2% a 3% dos R$ 4 bilhões.

O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que a história é "absurda, caluniosa, uma injúria, uma difamação": "Nunca vi história mais absurda, mais estapafúrdia". Marco Aurélio disse que conhece Dória, mas que não mantém contato com ele. Sobre a suposta causa contra o Bradesco, o ministro disse ter completo desconhecimento. "A que nós, homens públicos, estamos sujeitos. É o preço que pagamos por uma vida pública ostensiva". A assessoria de imprensa do Bradesco disse que o banco desconhece o assunto.

A PF também transcreve gravações de Dória em que ele diz manter contatos com os ministros do STJ Luiz Fux e Castro Filho com o objetivo de influenciar uma decisão. O STJ divulgou nota dizendo que "as afirmações acerca dos ministros não correspondem à realidade". No gabinete de Fux nunca existiu um assessor de nome Júlio, citado na conversa, e o ministro nunca interferiu no processo mencionado. Segundo a nota, o ministro Castro Filho também não teve qualquer participação no processo.

Segundo outra gravação, Dória disse que tentou intermediar uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho em favor das Casas Bahia, mas não citou o nome do ministro supostamente envolvido. A assessoria da Casas Bahia afirmou que a empresa desconhece o caso.

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