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15/05/2003 - 17h20

Eclipse funde ciência e mitos em milênios de história

da Folha Online

Hoje um eclipse pode parecer um fenômeno banal, mas quem viveu há alguns séculos devia ficar no mínimo assustado ao ver a luz de corpos celestes tão próximos da Terra simplesmente desaparecer.

Eclipses aparecem com frequência na literatura de diferentes culturas em diferentes épocas, geralmente como símbolos de destruição, medo ou subversão da ordem natural. A palavra vem do grego "ékleipsis", que significa desaparecer.

Uma personificação recorrente do eclipse na China milenar, por exemplo, era um dragão ou demônio que devorava o Sol. Os antigos chineses se comoviam durante o fenômeno --batiam contra potes e tambores na tentativa de afastar o dragão.

Também os incas tentavam intimidar as criaturas que "engoliam o Sol". Na Índia, as pessoas imergiam o corpo na água até o pescoço, num ato de adoração, para que o Sol vencesse o dragão.

Fundador da Sociedade Internacional de Arqueoastronomia e Astronomia na Cultura (Isaac), o astrofísico David Dearborn, confirma: os eclipses eram vistos como sinal de mau agouro. "Para a maioria das culturas primitivas, o Sol era visto como o doador de vida. Qualquer coisa que maculasse o Sol era terrível", afirma.

A ciência entra na história

Quando a visão mecanicista do Universo passou a exercer mais influência no pensamento humano, os efeitos do eclipse sobre o imaginário das pessoas também começaram a mudar.

Com o mecanicismo, veio a aproximação empírica do mundo. O homem passou a rejeitar o terror e a superstição, emoções que passaram a ser vistas como o contrário de desenvolvimento e civilização.

Quem bem registrou o conflito de visões foi o poeta britânico William Wordsworth (1770-1850). Em sua obra "O Eclipse do Sol", ele descreve o contraste entre a atitude dos cientistas britânicos e a dos indianos durante um eclipse visto da Índia em 1820: "Do alto de sua torre especulativa/ Ficou a Ciência, esperando pela hora/ Em que o Sol estava destinado a suportar/ Aquele escurecimento de sua face radiante/ Que a Superstição se esforçou por perseguir/ Até então, com rituais impuros".

Eclipse e sensibilidade

Mesmo com todo a tecnologia dos observatórios terrestres e orbitais da atualidade, um fenômeno como o eclipse ainda arranca suspiros de cientistas e amadores. O astrônomo norte-americano J. B. Zirker é um deles.

Autor de diversas obras sobre eclipses, entre elas "Total Eclipses of the Sun" (Princeton University Press, 1995)ele entende muito bem o que acontece durante o fenômeno. Mas ele ainda experimenta algo diferente quando presencia um deles.

"Incrível! É o olho de Deus. Um disco preto, rodeado de galhardetes pontiagudos luminosos que apontam para fora em todas as direções. Algumas proeminências vermelhas. Uma estrela ou duas. Este objeto fantástico, brilhando na escuridão que o cerca, no meio da manhã. É uma visão atordoante", escreveu em relato de um eclipse que observou em 1980.

Dearborn compartilha o sentimento: "Eu vi muitos eclipses, e cada um é uma experiência maravilhosa".

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