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07/02/2005 - 16h11

Japão comemora Carnaval em estilo brasileiro na quarta-feira

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da France Presse, em Tóquio

No momento em que as escolas de samba se preparam para o último dia de disputa no sambódromo do Rio de Janeiro, a japonesa Ai Onodera faz os últimos acertos nas fantasias de seu grupo de apaixonados por samba brasileiro, que vai se apresentar em Tóquio, onde, devido ao clima frio, o desfile de quarta-feira terá de ser realizado num recinto fechado.

Mesmo com o rigoroso inverno japonês não permitindo o desfile multicolorido de plumas, roupas sumárias e pernas à mostra ao ar livre, os sambistas do outro lado do mundo não se intimidam e se viram como podem, como aconteceu sob o calor úmido do último sábado de agosto de 2004.

Na ocasião, o bairro de Asakusa de Tóquio foi literalmente tomado por um grande número de pessoas, que, ao ritmo da percussão do samba e dos sons rápidos do "sanshin" --um banjo de três cordas das ilhas subtropicais de Okinawa e recoberto de pele de cobra--, vibrou com o espetáculo.

No verão passado, o ritmo de Okinawa levado pela "Ganhadora", grupo de 65 sambistas dirigido por Ai Onodera, não passou despercebido para os 455 mil expectadores, segundo os organizadores.

Ai Onodera descobriu o samba nas aulas de dança de salão e em revistas, antes de se tornar profissional, em 1995, após um exame que incluía boas maneiras, execução de vários passos de valsa, tango, fox-trot, rumba dentre outras, e até direito japonês.

Durante os anos seguintes passou duas semanas em Nova York, na escola do bailarino JoJo Smith, que colaborou no filme "Embalos de Sábado à Noite" (Saturday Night Fever) e trabalhou para cantores como Barbra Streisand, Sylvie Vartan e Johnny Hallyday.

"Mudei minha vida... era muito tímida, como são todos os japoneses, e não sabia me mostrar sedutora para o público", lembra Ai.

Aos 34 anos, Ai ensina em Tóquio os mistérios do samba e ainda do merengue, da salsa e da lambada. "O samba me ensinou a entender os brasileiros... os que vivem aqui estão submetidos a muito estresse, já que nossa forma de viver é muito diferente", explica.

Pelo menos 274.700 brasileiros viviam no arquipélago em 2003, de acordo com números do Ministério Japonês da Justiça. A maioria trabalha em fábricas de automóveis e de aparelhos eletrônicos.

"Quando os japoneses estão estressados, bebem álcool, dormem ou vão ao 'onsen' (fonte de água quente natural)", conta Ai Onodera.

"Os brasileiros, em contrapartida, tocam instrumentos de música, cantam e dançam... Os japoneses gostam da tranqüilidade e não entendem o porquê os sul-americanos gostam de fazer barulho durante à noite", comenta.

Entre os 4.500 participantes do festival de Asakusa se encontra também Midori Onaga e seus amigos. Midori, 43 anos, ensina percussão brasileira e outros instrumentos, mostrando ainda um forte interesse pelas raízes do samba e da música afro-brasileira.

No Brasil, viveu 12 anos, trabalhando parte do tempo no diário da comunidade japonesa local, o "Jornal Paulista".

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