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11/02/2005 - 21h08

Velha Guarda da Portela deve "se divertir um pouco" com as campeãs

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio de Janeiro

Um dos mais famosos compositores da Portela, Monarco, confirmou nesta sexta-feira que a Velha Guarda da escola foi convidada para participar do desfile da tricampeã do carnaval carioca, a Beija-Flor. O convite, no entanto, não animou todos os integrantes da ala dos "velhos sacerdotes do samba".

A oportunidade veio depois dos integrantes da Velha Guarda terem sido deixados de fora do desfile da Portela. O presidente da agremiação preferiu que o último carro, onde eles estavam, não participasse do desfile. A intenção era evitar que a escola estourasse o tempo e corresse o risco de rebaixamento.

Tia Doca, que já tem mais de 40 anos de Portela, diz que não desfilará na campeã. "Não tem nada a ver com a gente, fico feliz pela Beija-Flor, adoro o Neguinho, se puder vou dar um abraço nele, mas me preparei para desfilar no dia com a Portela, essa mágoa ainda não saiu de dentro de mim", disse.

Nas palavras de Monarco, o incidente foi um "pesadelo". "Cheguei a chorar de tristeza em ver a minha escola indo embora e a gente numa distância de mais de 500 metros. Foi um momento de humilhação. Acordei de manhã torcendo para que aquilo fosse um sonho", disse o compositor. Monarco está na Portela há 60 anos, passou a participar dos desfiles com apenas 11 anos.

Em nome da relação amigável entre as escolas, Monarco afirma que vai se divertir durante o desfile. "Isso não vai desabonar a conduta da Portela, o samba a gente só briga no dia, depois visita a escola um do outro", afirmou.

Apesar de não aceitar participar da comemoração da rival, Tia Doca deve assistir o desfile do camarote da Brahma. A cervejaria convidou os integrantes da Velha Guarda a acompanhar de lá o desfile das escolas vencedoras. "Não sou obrigada a ficar até o final, ainda estou adoentada, até agora meu joelho está inchado de tantas horas que esperei em pé no dia do desfile para na hora [não desfilar]", disse.

Trauma

Enquanto a hora da festa não chega, os integrantes da Velha Guarda tentam se recuperar do trauma do desfile. Monarco vai participar da comemoração depois de ter sido liberado pelo médico. "Ele me mandou fazer dieta, evitar gordura e não ficar sassaricando, mas me liberou para desfilar", afirmou.

Até agora o presidente da escola, Nilo Figueiredo, não fez um pedido formal de desculpas à Velha Guarda. Para Tia Doca, a origem do problema foi o número excessivo de componentes. Ela conta que depois do incidente foi para o posto médico com pressão alta. "Fiquei jogada e não teve nenhum diretor que fosse perguntar pela gente. Tinha mais três pessoas da Velha Guarda. O único que se preocupou foi o Carlos Monte, pai da Marisa Monte", disse.

Para ela, o penúltimo lugar teve sabor de rebaixamento. "Depois do nono lugar para mim, a escola desceu", afirmou. Já Monarco disse ter ficado aliviado com a manutenção da escola no Grupo Especial. "Isso nunca aconteceu na história da Portela", afirmou.

Apesar da mágoa, Tia Doca não considera a hipótese de deixar a Portela. "Isso ninguém pode tirar de mim. Eu sou a minha escola", disse.

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