Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/07/2005 - 14h15

Dona da Daslu pode ficar presa por cinco dias, diz procurador

Publicidade

VINÍCIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

A empresária Eliana Tranchesi, proprietária da Daslu, pode ficar presa por pelo menos cinco dias, segundo Matheus Baraldi Magnani, procurador da República em Guarulhos (Grande São Paulo), que participou das investigações sobre o suposto esquema de sonegação fiscal na mais luxuosa butique do país.

Tranchesi só não ficará presa pelos cinco dias, prazo previsto inicialmente no mandado de prisão cautelar, se conseguir uma liminar. A defesa da empresária deve tentar revogar a prisão na Justiça.

O prazo de cinco dias da prisão pode ser prorrogado de acordo com o andamento das investigações do suposto esquema de sonegação fiscal no qual ela estaria envolvida. O prejuízo causado "chega a milhões", segundo Magnani.

18.dez.2003/Folha Imagem
Eliana Tranchesi, dona da Daslu
Eliana Tranchesi, dona da Daslu
Tranchesi foi presa em sua casa, no Morumbi (zona sul de São Paulo), e levada em um carro da Polícia Federal até a sede da superintendência do órgão, na Lapa (zona oeste de São Paulo), onde presta depoimento.

O dono de uma empresa importadora ligada à marca, Celso de Lima, também foi preso. O procurador afirmou que Donata Meirelles, amiga de Tranchesi e mulher do publicitário Nizan Guanaes, só não foi presa pois, apesar de exercer gerência na loja, não exerce uma administração de caráter fiscal ou contábil. "Ela mais propaga o nome da Daslu", disse Magnani.

A operação de combate às supostas irregularidades, que culminou nas prisões, é promovida por agentes da Polícia Federal, fiscais da Receita Federal e membros do Ministério Público que revistaram a loja da Daslu, localizada na Vila Olímpia (zona sul de São Paulo).

O estabelecimento funciona normalmente e não deve ser fechado, segundo Magnani. Também são improváveis as apreensões de produtos. Por volta das 11h, chegaram à sede da PF mais de 60 caixas com documentos e um computador que foram apreendidos na loja e em escritórios das importadoras. Ações semelhantes são desenvolvidas em outros três Estados.

Os envolvidos são acusados dos crimes de formação de quadrilha, falsidade material e ideológica, além de crimes contra a ordem tributária. Por isso, segundo Magnani, ainda que a empresa pague os impostos, restará "a percepção penal do Estado" sobre as outras acusações.

Outro lado

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Daslu afirmou que "está colaborando com a operação, no sentido de fornecer todas as informações que forem solicitadas". A assessoria, no entanto, não se manifestou sobre a prisão da proprietária.

Suspeitas

Segundo a PF, as mercadorias estrangeiras compradas pela Daslu eram refaturadas ou subfaturadas por uma importadora. Ou seja, as notas fiscais eram trocadas por falsas, com valores menores, ou continham valores muito abaixo do valor de mercado.

Desta forma, reduzia-se a incidência do Imposto de Importação e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o produto era revendido à Daslu por preço inferior ao da real transação comercial. Com isso, a Daslu obtia lucros exorbitantes --extra-oficialmente, fala-se em US$ 10 milhões nos últimos 12 meses.

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Fachada da loja da Daslu, na zona sul de SP
Fachada da loja da Daslu, na zona sul de SP
"[A importadora] não era uma empresa formal, não existia de fato. Sequer tinha endereço", segundo Magnani. Acredita-se que ela tenha sido constituída apenas para camuflar a irregularidade, pois registrava "prejuízo todos os meses e revertia praticamente 100% do que importava à Daslu. Dado típico da contabilidade de uma [empresa] laranja".

O procurador afirma que alguns vestidos vendidos pela Daslu por cerca de R$ 5.000 eram importados com valores declarados de "US$10, US$15". Segundo Magnani, gravatas da grife Hermenegildo Zegna, por exemplo, tinham valores declarados de apenas US$5.

Operação

Ao todo, a força-tarefa, chamada pela PF de 'Operação Narciso', envolve 240 policiais federais e 80 auditores fiscais.

Outros dois mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão devem ser cumpridos nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná. Em São Paulo, os documentos foram emitidos pela 2ª Vara Federal da Justiça Federal de Guarulhos (Grande São Paulo).

F.Donasci/Folha Imagem
Policiais apreendem caixas de documentos em importadoras
Policiais apreendem caixas de documentos em importadoras
Os envolvidos são acusados dos crimes de formação de quadrilha, falsidade material e ideológica, além de crimes contra a ordem tributária e a possível sonegação fiscal sobre o lucro da empresa Daslu.

As investigações, ainda segundo a PF, começaram em 2004, quando foram apreendidas mercadorias com notas fiscais subfaturadas e notas fiscais com os valores verdadeiros em aeroportos de São Paulo e Curitiba (PR).

Megaloja

As buscas promovidas na loja da Daslu incluíram a revista de todos os veículos que chegavam ao setor de carga e descarga do estabelecimento. Em seus quatro andares, que ocupam cerca de 17 mil metros quadrados, são vendidos de cosméticos até lanchas.

Butique que hoje reúne as mais caras grifes e os brasileiros mais endinheirados, a Daslu iniciou suas atividades em 1958 com uma loja simples que funcionava na própria casa de uma de suas fundadoras, Lucia Piva Albuquerque.

A butique, no entanto, só se transformou em referência de moda no Brasil nos anos 80. Em 1984, com a morte de Lucia Piva Albuquerque, sua filha, Eliana Tranchesi, assume os negócios ao lado de Lourdes Aranha.

Leia mais
  • Megaoperação fiscaliza e ameaça operações da Daslu
  • Jornal americano diz que Daslu mostra desigualdade do Brasil
  • Saiba quem é Eliana Tranchesi, dona da Daslu
  • Daslu passou de loja caseira a templo dos endinheirados

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Daslu
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página